Notícia

XVI EPP e II CIPTF | Eventos chegam ao fim promovendo trocas de conhecimentos, encontros de pessoas e reflexões sobre diversos temas

O XVI Encontro Paranaense de Psicologia e o II Congresso Internacional de Psicologia da Tríplice Fronteira (XVI EPP e II CIPTF) promoveram quatro dias de troca de conhecimentos e experiências em Foz do Iguaçu. Cerca de 1300 pessoas que participaram das atividades tiveram também a oportunidade de fortalecer as conexões profissionais.

“O encontro foi pensado para que houvesse convivência desde o café da manhã até à noite, pois a convivência dentro e fora das atividades técnicas é salutar para as conexões mais sustentáveis”, analisa o Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), João Baptista Fortes de Oliveira (CRP-08/00173). O conselheiro destacou a pluralidade na programação, que abordou temas, abordagens, e técnicas variadas. “Apesar disso, a pessoa poderia escolher uma área de atuação ou abordagem e se aprofundar nela, a partir da participação em diferentes atividades.”

Na avaliação da Vice-Presidente do CRP-PR e Presidente do XVI EPP e II CIPTF, Rosangela Lopes de Camargo Cardoso (CRP-08/01520), os eventos alcançaram os objetivos propostos. “As apresentações técnicas e teóricas, os debates, a relação entre os participantes, tudo foi de alto nível. Tivemos, além de Psicólogas e Psicólogos, juízes, promotores, psiquiatras, assistentes sociais e outros profissionais. A qualidade técnica foi o ponto alto do EPP. Termino minha função como presidente muito grata e com a sensação de que o esforço de toda a equipe produziu um evento de sucesso.”

A Psicóloga Alana Keila Cardoso (CRP-08/14685), que atua com a Psicologia Clínica e do Trânsito em Cascavel, além de ser professora universitária, diz que a participação nos eventos agregou conhecimentos à sua formação. “Estou adorando e está superando as expectativas. Os palestrantes e mediadores das mesas estão trazendo muitas coisas práticas que auxiliam tanto na formação dos estudantes quanto dos profissionais que atuam em diferentes áreas. Acredito que o que está por vir [Alana deu entrevista no primeiro dia] vai contribuir para pensar a Psicologia de uma maneira prática, porém científica.” Como docente, Alana destacou a importância de estudantes participarem de eventos como estes. “Ainda temos uma formação engessada a determinadas áreas. Esta é uma oportunidade de dar amplitude à formação, de pensar a Psicologia para além do que a academia propõe.”

Leandro Karnal fala sobre ética

Leandro Karnal, o primeiro conferencista a falar, trouxe às mais de 1200 pessoas presentes importantes reflexões sobre a ética em nossa sociedade. Segundo o professor do Departamento de História da Unicamp, devemos ser éticos em qualquer situação de nossas vidas, mas sem nos atermos à valorização deste comportamento.

A ética pressupõe fazer o que é certo e interferir em comportamentos quando prejudicam os outros, como é o caso de violências e comentários preconceituosos. No entanto, o respeito à diversidade é essencial. “A ética se torna quase um imperativo categórico para a vida em sociedade. Sociedades onde a ética entra em colapso tornam-se sociedades inviáveis, como a Síria e a Venezuela”, refletiu o conferencista, sempre se dirigindo ao público de profissionais da Psicologia e estudantes desta ciência e profissão. “Então não é mais um pedido filosófico, não é mais um apelo religioso. É uma capacidade de respondermos daqui para frente, como Psicólogos e Psicólogas, se a vida em sociedade é possível, se a vida em sociedade vai continuar sendo viável.”

Clóvis de Barros Filho fala sobre felicidade

“É impossível identificar o melhor caminho se você ignora o destino.” É com esta premissa que Clóvis de Barros Filho, jornalista, escritor de sucesso e palestrantes, começou sua conferência. Clóvis fez uma longa reflexão sobre a felicidade, desde os conceitos de Epicteto sobre sucesso e fracasso até Aristóteles, que fala sobre encontrar a própria essência – comparada a uma goiabeira que, quando plantada no Alasca, não alcança todo o seu potencial.

O conferencista destacou também a importância de incluir o ensino das emoções aos estudantes, pois a compreensão sobre os afetos é tão importante quando o estudo das disciplinas que constam nos currículos. “Se os jovens tivessem uma sabedoria com repertório e uma consciência afetiva mais desenvolvida, certamente se entenderiam como mais conectados com o mundo, saberiam melhor analisar as relações afetivas. Entender-se a si mesmo é entender-se a si mesmo no mundo”, disse. Para ele, Psicólogas(os) são essenciais neste processo. “A Psicologia é sem dúvida nenhuma o segmento profissional e de conhecimento mais capaz de uma revolução curricular e educativa que possa ser benéfica para os nossos jovens.”

Fechando sua fala, Clóvis retomou todos os conceitos de felicidade e declarou: “A felicidade é um atributo da vida. E a vida é a vida onde ela está. O que chamamos de passado e de futuro é o tempo da alma incrustado no presente do instante em que lembramos e projetamos. O instante da vida é feliz quando você não quer que ele acabe.”

Viviane Mosé fala sobre relações humanas

“Nada parece tanto com um prédio em ruínas como um prédio em construção.” A afirmação bastante otimista é de Viviane Mosé, última conferencista do XVI EPP e II CIPTF. Mosé, que é psicanalista e formada em Psicologia, refletiu sobre a necessidade de resgatarmos relações humanas mais próximas, com “aquele cafezinho na esquina, um papo, a experiência, a sensação”. “Existe uma mudança civilizatória bem consistente, bem grave, a gente pode olhar para milhões de situações e pensar “ah, mas tem mudança ou não tem?”. Sim, tem. Hoje somos uma sociedade medicada, suicida e que se automutila. Se a gente tem isso acontecendo isso com crianças, se o suicídio é a segunda razão de mais mortes entre os jovens, se a depressão é a doença mais incapacita ao trabalho no mundo segundo a OMS, se os nossos adultos são drogados com fluoxetina e as crianças com ritalina, a gente tem que parar e pensar o que aconteceu”, disse ela em entrevista à equipe do CRP-PR.

A internet, segunda ela, não causou os problemas que vemos atualmente, apenas jogaram luz sobre eles. “É a gente que não sabe lidar com a rede social, é a gente que não sabe lidar com o outro. O nosso objetivo é reconstruir esse humano. Nosso humano está em exaustão. Ou a gente corre, ou não sobrará humano”, analisou. Viviane defende que a sociedade vai mudar a partir de uma educação em rede, ou seja, que as crianças possam contar com diversos pontos de apoio durante suas vidas. “Tem um vídeo, que foi feito por crianças numa escola do Rio, em que elas dizem ‘somos pós-graduadas em solidão’. Hoje as crianças pedem aos pais para que saiam das telas, que brinquem com eles, que eles não aguentam mais. A criança diz: vem ver o pôr-do-sol comigo. O discurso era: ‘tirem seus filhos da internet’. Mas na verdade é: ‘saia você da internet’. A criança está querendo sair e não está saindo por sua causa.”

A arte como caminho de transformação

O CRP-PR acredita no poder transformador da arte. É por isso que a cerimônia de abertura contou com duas apresentações artísticas de teatro, música e dança. O conselheiro Silvio Araújo Vailões (CRP-08/17829) deu início às apresentações interpretando as canções “Tudo que se quer”, de Emílio Santiago, “I dreamed a dream” (Eu tive um sonho), do musical Os Miseráveis, e Além do Arco-Íris, de Luiza Possi. Silvio foi acompanhado em alguns momentos de bailarinos do curso de Educação Física do Centro Universitário FAG. Gabriel Kenji Tutumi, Robson Andrea Correia, Andressa Brito dos Santos e Matheus dos Santos apresentaram coreografias de dança contemporânea e de salão e interpretaram a emoção contida nas canções.

Depois foi a vez do Psicólogo Everton Adriano de Moraes (CRP-08/19778), compositor do Rap Mais Psicologia, cantar e levantar o público ao som de “Eu quero mais Psicologia, eu quero mais saúde pro meu dia a dia”. Everton foi acompanhado de um corpo de bailarinos de jazz e hip hop Casa do Teatro e Siox, que também tiveram um momento para demonstrar o talento no estilo livre.

Silvio Araújo Vailões (CRP-08/17829) e os bailarinos

Silvio Araújo Vailões (CRP-08/17829) e os bailarinos

Psicólogo Everton Adriano de Moraes (CRP-08/19778) canta o Rap Mais Psicologia

Bailarinos de jazz e hip hop Casa do Teatro e Siox

Lançamento de Notas Técnicas e Caderno de Neuropsicologia

Durante a programação técnica do XVI Encontro Paranaense de Psicologia e II Congresso Internacional de Psicologia da Tríplice Fronteira foram lançadas duas Notas Técnicas e um Caderno de Orientações.

O lançamento da Nota Técnica sobre Escuta Especializada e Depoimento Especial de crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência contou, além da equipe técnica de Psicólogas, com a presença de diversos operadores do Direito, como juízes e promotores. “Tanto o Direito quanto a Psicologia tratam de condutas humanas e seus determinantes, além dos reflexos desta conduta da sociedade. Diálogos como este possibilitam a criação de espaços de consenso para que as reflexões sejam um pouco mais aprofundadas e que superem o senso comum”, disse Monica Louise de Azevedo, procuradora da Justiça.

Acesse a Nota Técnica nº 003/2018 aqui.

Já o atendimento da população travesti e transexual, que passou a ser regido pela Resolução CFP nº 001/2018, foi melhor detalhado na Nota Técnica nº 002/2018, apresentada pela coordenadora do Núcleo de Diversidade de Gênero e Sexualidades (Diverges), Grazielle Tagliamento (CRP-08/17992), em uma mesa-redonda. “Resoluções dizem o que deve ser feito, mas a gente percebe que as profissionais da Psicologia muitas vezes não entendem conceitos como patologização. O que é atuar de forma a despatologizar?”, explicou a Psicóloga. 

Acesse a Nota Técnica nº 002/2018 aqui.

Já o Caderno de Neuropsicologia foi um trabalho construído pela Comissão Especial (Temática) de Neuropsicologia do CRP-PR para ampliar o acesso às informações e auxilia na continuidade das discussões que ainda se mostram presentes. Desta forma, o Caderno foi elaborado com o intuito de contribuir para o desenvolvimento profissional da categoria e fornecer orientações gerais, de maneira clara e concisa, a respeito da prática da(o) Psicóloga(o) especialista em Neuropsicologia, uma área de atuação que vem se expandindo e ganhando novos cursos de formação.

Acesse o Caderno de Neuropsicologia aqui.

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