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Silêncio prejudica intervenção nos casos de abuso contra crianças

Hoje, 18 de maio, completa-se 45 anos que Araceli Cabrera Crespo, na época com 8 anos de idade, desapareceu e foi violentamente abusada e assassinada em Vitória, no Espírito Santo. Depois do julgamento, os acusados dos crimes foram absolvidos e o processo foi arquivado pela Justiça. Desde 2000, a data das violências sofridas por Araceli marca o Dia Internacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

As denúncias de crimes contra crianças e adolescentes são realizadas pelo Disque 100. Entre 2015 e 2016 foram registrados 37 mil casos de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos. A Psicóloga Fernanda Stresser (CRP-08/20147), integrante do Núcleo da Infância, Adolescência e Juventude do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), ressalta que, ainda que o número seja alarmante, é preciso pensar que existe um número ainda maior de vítimas que estão em silêncio. Além disso, segundo reportagem feita pela BBC Brasil, existe um “buraco” do mapeamento de informações, um descontrole estatístico das denúncias realizadas e o que acontece com elas.

Silêncio

A maior parte dos casos de violência sexual contra jovens acontece por agressores que vivem junto com a vítima. Essa situação intensifica o silêncio sobre a situação, já que existe “a recorrência de casos em que algum familiar sabe das agressões, mas decide ficar em silêncio por não conseguir sustentar o lar financeiramente ou por medo da impunidade dos agressores”, explica Fernanda. Nesse momento, é importante a(o) Psicóloga(o) pensar no fortalecimento das famílias.

A complexidade da situação se acentua quando as diversas violências passadas pelas crianças são despercebidas ou mal encaminhadas pela rede de atendimento. Talita explica que mesmo antes do abuso sexual, “uma série de direitos já podem ter sido violados anteriormente, por meio da negligência, de agressões físicas e psicológicas”.

Nesse sentido, a(o) profissional de Psicologia tem papel fundamental na proteção, promoção e defesa de direitos dessas crianças e adolescentes. De acordo com o Núcleo da Infância e Adolescência do CRP-PR, é preciso enaltecer o compromisso social da profissão e trazer a contribuição para espaços de construção e monitoramento de políticas públicas e de controle social. Isso reforça a necessidade de posicionamentos como categoria profissional, visto que, quando não é dada devida ênfase ao tema, corre-se o risco de normalizar as violências, enfraquecendo tanto como sociedade quanto como classe.

“Não engula o choro”

Neste ano, a Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social do Paraná promove a campanha “Não engula o choro” para enfrentar as violências contra crianças e adolescentes. O material conta com duas animações que serão exibidas nos cinemas antes das sessões, durante todo o mês de maio, além de divulgações nas redes sociais.

Os vídeos alertam sobre como o silêncio dificulta a intervenção nos casos de violência contra os jovens. Para as crianças e adolescentes vítimas de violência, é mais comum que os sinais sejam percebidos por manifestações não verbais e pelo choro. O incentivo da campanha é para que essas expressões não sejam reprimidas. Além disso, os jovens precisam saber que existem pessoas que podem ajudar quando há algo de errado.

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