A temática será discutida no I Seminário de Políticas Públicas da População em Situação de Rua da Tríplice Fronteira, que ocorrerá nos dias 3 e 4 de maio em Foz do Iguaçu. O evento é promovido pelo Movimento Nacional da População de Rua com o apoio do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) e de outras instituições.
O objetivo é reunir profissionais e usuários da Rede Socioassistencial, movimentos sociais, estudantes, professores universitários e autoridades de Brasil, Paraguai e Argentina. Durante os dois dias do evento serão debatidas as políticas públicas nos três níveis governamentais e conhecer a realidade das populações de rua em outros países. O Seminário deve contar, como resultado, com a elaboração de uma Carta Compromisso e a criação de um Fórum permanente para discutir as propostas.
O Psicólogo Samuel Cabanha (CRP-08/13777), que faz parte da Comissão Gestora do CRP-PR em Foz do Iguaçu destaca a importância de se discutir o tema de forma articulada entre o poder público, a sociedade civil e a própria população. “Um problema que permanece atualmente é a escassez de estudos sobre esta população, se caracterizando ainda como uma realidade árida, com poucas referências e experiências significativas na construção de políticas públicas. Nesse sentido, o I Seminário de Políticas Públicas da População em Situação de Rua da Tríplice Fronteira propõe, de forma instigante e desafiadora, trazer para o debate Governo (gestores) – Sociedade civil e as Vozes da Rua no Processo de construção dessas políticas”, diz.
Desafios
Entre os desafios, a violência enfrentada pela população, sobretudo a praticada pelo próprio Estado e a invisibilidade têm destaque. “Esse é um grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, com vínculos sociais e familiares fragilizados ou rompidos e, comumente, a inexistência de moradia convencional regular. São muitos os desafios enfrentados por essa população, mas sem dúvida, os primordiais a se superar são as violências praticadas contra essa população, tanto as de Estado quantos às demais, pois ambas vão acompanhadas pela perversidade das desigualdades socioeconômicas e da “invisibilidade” marcada por discriminações ou estigmas”, avalia Samuel.
A situação é agravada ainda pelos retrocessos no financiamento e pelo desmonte das políticas, que contribui para ampliação das desigualdades e exclusão social.
Todos esses desafios se traduzem também nas dificuldades enfrentadas pelas(os) Psicólogas(os) no atendimento a essa população e estimulam a categoria a buscar alternativas e novas formas de garantir o atendimento, respeitando a subjetividade, demandas e necessidades desse público. “A ausência de políticas públicas, em outras áreas, que incluam essa parcela da população e a própria situação de rua traz aos profissionais da psicologia grandes desafios. Os lugares inconstantes e os territórios segregados que caracterizam a vida dessas pessoas são obstáculos na construção de vínculos sólidos necessários à intervenção, fazendo com que esse trabalho escape às características do fazer psicológico tradicional. Trata-se de um campo de atuação que instiga a construção de intervenções criativas e que superem concepções fechadas e rígidas de trabalho”, comenta Samuel.
“Penso que a(o) Psicólogo(a) tem muito a contribuir para a construção da autonomia e qualidade de vida da população em situação de rua. Embora saibamos que a pobreza e a exclusão são conceitos distintos, eles estão intimamente entrelaçados e, nesse quesito, a psicologia é crucial para trabalhar vínculos os sociais e vínculos familiares rompidos ou fragilizados”, completa o Psicólogo.
Serviço
I Seminário de Políticas Públicas da População em Situação de Rua da Tríplice Fronteira
Data: 03 e 04 de maio de 2018
Horário: 8h30 às 17h
Local: Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE (R. Tarquínio Joslin Santos nº 1300)