A realização da Copa de 2014 no Brasil se tornou um momento histórico para o país e muito importante para a Psicologia do Esporte.
A polêmica causada nos últimos dias sobre a suposta “fragilidade” emocional dos jogadores da seleção brasileira fez com que a ciência psicológica se tornasse um dos assuntos mais debatidos na mídia e população em geral, causando opiniões diversas a respeito. De repente, nos tornamos 200 milhões de psicólogos (as) especialistas em futebol e comportamento dos jogadores em campo.
Porém, a ciência da Psicologia não é tão simplista assim e, para os (as) Psicólogos (as) do Esporte, o aspecto emocional não é e nem nunca será o único fator que causa o melhor ou pior desempenho de um atleta de alto nível.
Vale destacar que diante de uma competição o atleta se encontra submetido a uma série de fatores estimulantes, bloqueadores ou debilitadores do seu potencial. Estas tensões provocam com maior ou menor intensidade dificuldades de concentração, desvio da atenção, acentuam os processos de inibição interna e são em maior ou menor grau obstruidores, que podem levar o esportista a “gaguejar” com as pernas, com os pés, mãos ou braços, a tremer e a se desorientar. Assim o atleta precisa ser psicologicamente preparado para enfrentar os estímulos negativos que ameaçam o seu desempenho.
Esta necessidade de fornecer meios e instrumentos ao atleta para dominar as tensões negativas e abrir possibilidades é a essência do preparo psicológico do atleta, comumente realizado pelo Psicólogo(a) do Esporte com o suporte de todo o corpo técnico que, em conjunto, preparam o atleta individualmente e em grupo para o seu “ponto ótimo”.
Tratando-se especificamente da seleção brasileira de futebol comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari, é possível afirmar que muitos fatores culminaram para o “extravazar” de tantos sentimentos e exposição em campo, como por exemplo: jogar “em casa” com estádios repletos de torcedores com expectativas positivas e, ao mesmo tempo, repletos também de críticos e “entendedores” de futebol (como não poderia ser diferente da cultura no Brasil), o dito “fantasma de 1950”, o “medo” dos jogadores em não conseguir dar conta desta responsabilidade de vencer imposta pela competição e seu personagens e, claro, principalmente a influência de dificuldades no âmbito técnico, tático e de preparação física. A aclimatação do atleta ao ambiente também é um fator que pode causar dificuldades, pois jogar em horários e temperaturas diferentes, sobretudo no Brasil que é um país de território extenso e de climas diversos, como tem ocorrido no torneio, pode também alterar o desempenho do atleta.
Desta forma, a Comissão de Psicologia do Esporte do Conselho Regional de Psicologia do Paraná sente que o momento atual reflete diretamente no contexto atual esportivo, pois abre espaço para a inclusão do(a) Psicólogo(a) do Esporte nas seleções nacionais e regionais, pautando-se sempre em um trabalho sistemático, contínuo e de relevância. Além disso, a Comissão exalta a iniciativa do “comandante” da seleção brasileira “Felipão” de incluir o profissional da Psicologia em sua equipe técnica, representado pela competência da Dra. Maria Regina Brandão que, além de contribuir para o bom desempenho da seleção brasileira no mundial, tem a missão de difundir através do êxito do seu trabalho a real função da Psicologia do Esporte.
Neste sentido, os(as) Psicólogos(as) do Esporte devem estar felizes e, mais do que pensar em como “eu procederia se fosse o(a) psicólogo(a) da seleção brasileira”, fazendo análises antiéticas de metodologias utilizadas pela atual psicóloga ou realizar críticas ao desempenho do técnico, é se focar na consciência coletiva de que o ganho é de todos os profissionais da área. Quem vence este jogo não sou eu, nem você, mas a Psicologia do Esporte!
Comissão de Psicologia do Esporte do CRP-08
Psic. Márcia Regina Walter CRP-08/02054 (Coordenadora)
Psic. Chayane Simioni Godoy CRP-08/12575
Psic. Eugênio Pereira de Paula Júnior CRP-08/06099
Psic. Leonardo Pestillo de Oliveira CRP-08/12613
Ed. Física. Birgit Keller (ad hoc)
**A Comissão de Psicologia do Esporte do CRP-08 existe desde 2000 e, além de subsidiar o plenário do CRP no que diz respeito à área, tem como finalidade divulgar a especialidade aos profissionais, para que estejam sempre atualizados e capacitados para trabalharem com seus atletas, respeitando as leis e a ética do profissional de psicologia.
Psicólogo(a), participe! Escreva para comissoes08@crppr.org.bre contribua para o desenvolvimento de sua profissão!