A Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf) é um espaço de deliberações que, além de definir questões regimentais e orçamentárias afetas à Psicologia, promove reflexões e medidas para a garantia de direitos humanos e eliminação de opressões. Dando prática a esse propósito legítimo, a assembleia realizada nos dias 27 e 28 de maio foi marcada por ato em prol das mulheres, contra a misoginia e violência de gênero.
A manifestação foi iniciada pela psicóloga Ana Carolina Freire Lopes (CRP-02/16412), conselheira do CRP de Pernambuco. Em nome das colegas de profissão, ela fez uso da palavra alertando a mesa diretora da Apaf e as delegações dos Conselhos Regionais sobre a prática de violência contra mulheres. A profissional solicitou às psicólogas que sinalizassem, levantando-se ou com acenos, caso já tenham sofrido racismo, importunação sexual, assédio, transfobia, capacitismo ou etarismo no Sistema Conselhos de Psicologia.
Após a manifestação do auditório, o protesto foi concretizado com a leitura de um texto que visou sintetizar o sentimento de indignação e a resistência das vítimas de violência. O conteúdo dizia o seguinte:
“Nós estamos cansadas de ser silenciadas, de nossas falas serem distorcidas ou invalidadas. Estamos cansadas de nossos corpos serem tratados como públicos. Estamos cansadas de reivindicar direitos e não ter ninguém por nós além de nós mesmas. Estamos cansadas de impor limites e ouvir que não sabemos brincar e que somos exageradas. Enquanto não formos respeitadas, iremos continuar com as nossas lutas, reivindicando nossos direitos”.
Noutro momento, a vice-presidenta do CRP do Espírito Santo (CRP-16), Marina Francisqueto Bernabé (CRP-16/2791), interagiu com as pessoas presentes na Apaf, a fim de provocar nelas a autorreflexão. “A violência é o principal mecanismo para a desumanização à qual o nosso corpo é submetido diuturnamente. Diante dessa desumanização, como é possível trabalhar, amar, viver e se relacionar, ter o mínimo de condição de vida, existência social e política?”, instigou a psicóloga.
Concluída a manifestação das mulheres, o presidente do CRP-16, Thiago Pereira Machado (CRP-16/3706), convocou os homens a repensarem suas atitudes. Ele lembrou aos demais psicólogos na Apaf da existência de uma carta em defesa das mulheres, aprovada pelo próprio Sistema Conselhos de Psicologia. “Apesar disso, o que visualizamos aqui é que essa carta não se efetiva em nossas práticas cotidianas, mas o combate a essa violência cabe a nós, homens”, criticou.
A psicóloga Griziele Martins Feitosa (CRP-08/09153), presidenta do CRP-PR, participou do ato contra a misoginia. Ao falar do protesto, ela afirma que é inadmissível continuar admitindo posturas sexistas no Sistema Conselhos, citando as palavras da filósofa e ativista Angela Davis: “não aceito mais as coisas que não posso mudar. Estou mudando as coisas que não posso aceitar”.
Para saber como foi o ato na íntegra, assista ao vídeo abaixo: