Nesta quinta-feira (15), uma data alerta para um tema muito importante em nossa sociedade: a violência contra o idoso. O CRP-PR conversou com a a Psicóloga Ligia Gubert (CRP-08/16384), que atua na área de Assistência Social e fala um pouco sobre a rede de assistência à pessoa idosa e violência psicológica. Ela destaca que a violência pode ocorrer de diversas formas – física, psicológica, patrimonial, etc. – e é importante denunciar ao Disque 100, para que os equipamentos de assistência possam ser acionados. Confira a entrevista completa e, na sequência, um artigo assinado pela Psicóloga Marcia Guedes (CRP-08/17238), representante do CRP-PR no Conselho Municipal Direito da Pessoa Idosa de Curitiba.
CRP-PR: Quais são as principais violências psicológicas praticadas contra a pessoa idosa?
Lígia: A violência psicológica se caracteriza por condutas como humilhação, constrangimento, isolamento, chantagem, ameaças, entre outros, que causam danos emocionais, sofrimento psíquico e diminuição da autoestima; porém são diversas as violências que podem desencadear em prejuízo à saúde psicológica, tais como violência física, patrimonial, abandono e negligência, sendo esta última a mais recorrente.
Como é o atendimento psicológico voltado aos idosos? Quais as dificuldades de trabalhar com esse público?
Dentro da tipificação nacional de serviços socioassistenciais estão previstos espaços de socialização e orientações acerca dos direitos sociais, promovendo a convivência e o fortalecimento de vínculos familiar e comunitário, serviços estes que estão vinculados aos CRAS [Centro de Referência em Assistência Social] dos municípios. Entretanto, quando a pessoa idosa tem algum de seus direitos violados, passa a receber atendimento através das equipes dos CREAS [Centro de Referência Especializada em Assistência Social], ressaltando que, na maioria das vezes, estes atendimentos se dão no domicílio, devido à dificuldade de locomoção até os equipamentos. Importante destacar que a intervenção deve se estender também ao cuidador e aos familiares da pessoa idosa, com objetivo de amenizar e cessar situações de violência que agravam o grau de dependência deste público. Um fator que dificulta a atuação do profissional é que dificilmente o idoso assume que esteja sendo vítima de algum tipo de violência, visto que a maioria dos casos acontece no âmbito familiar e são praticados por companheiros, filhos, netos, cuidador ou parentes próximos, o que causa medo e vergonha para fazer a denúncia. A violência leva à solidão e ao isolamento, podendo desenvolver um quadro depressivo grave.
A violência psicológica se caracteriza por condutas como humilhação, constrangimento, isolamento, chantagem, ameaças, entre outros, que causam danos emocionais, sofrimento psíquico e diminuição da autoestima; porém são diversas as violências que podem desencadear em prejuízo à saúde psicológica, tais como violência física, patrimonial, abandono e negligência, sendo esta última a mais recorrente.
Como as(os) Psicólogas(os) podem colaborar para que as pessoas idosas possam completar seus ciclos de vida de forma saudável e respeitosa?
Dentro da política de Assistência Social, cabe ao Psicólogo contribuir para um processo de envelhecimento saudável, independente e ativo, assegurando aos idosos espaços para promoção da convivência familiar e comunitária, valorizando as experiências e potencializando a condição de escolher e decidir. Importante ressaltar que o Psicólogo deve estar atento ao histórico e as relações familiares que muitas vezes contribuem para a violação dos direitos, contribuindo neste aspecto para o exercício da função protetiva da família.
Como identificar possíveis casos de violência contra o idoso?
As denúncias aos equipamentos da rede socioassistencial chegam através do Disque 100, Ministério Público, Rede de Proteção dos Municípios, Unidades de Saúde e por vezes através do Conselho do Idoso. Desta forma, a comunidade deve estar sempre atenta, denunciando através do Disque 100 qualquer tipo de violência contra o idoso.
As denúncias aos equipamentos da rede socioassistencial chegam através do Disque 100, Ministério Público, Rede de Proteção dos Municípios, Unidades de Saúde e por vezes através do Conselho do Idoso. Desta forma, a comunidade deve estar sempre atenta, denunciando através do Disque 100 qualquer tipo de violência contra o idoso.
O sentido de nossa vida está em questão no futuro que nos espera; não sabemos quem somos, se ignorarmos quem seremos: aquele velho, aquela velha, reconheçamo-nos neles.
(Beauvoir, 1970, p.12)
*Texto de Marcia Guedes (CRP-08/17238), representante do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) no Conselho Municipal Direito da Pessoa Idosa de Curitiba.
Quando observamos mudanças para sensibilizar e promover uma melhor qualidade de vida para a pessoa idosa, pensamos que estamos caminhando para uma conscientização mais nítida. Uma população que se expandiu abruptamente com seus cabelos respeitosos brancos, com mudanças que não são acompanhadas pela família ou mesmo pelos profissionais que se dispõem a cuidar deste grupo social.
Com o surgimento de vários problemas econômicos e sociais que estamos atravessando nacionalmente, o envelhecimento populacional tornou-se um problema de saúde pública. As Políticas Públicas estão caminhando para dar qualidade de vida às pessoas senis, envolvendo a responsabilidade da família, da sociedade e do Estado.
Em alguns casos, os idosos tornam a viver na mesma moradia dos seus filhos. A sobrecarga, o stress e o desrespeito acabam ocorrendo pela falta de paciência para lidar com os idosos. A agressão verbal, no âmbito familiar, tornou-se visível e muito comum. As relações intergeracionais nunca estiveram tão prejudicadas. Nem mesmo os familiares sabem lidar com os velhos sob a sua responsabilidade.
No dia 15 de junho, comemoramos o Dia Mundial da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, data criada pela Organização das Nações Unidas e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa em 2006 para chamar a atenção da sociedade para a necessidade de respeito aos idosos.
Muitas instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIS) e residências particulares, conhecidas como Casa de Repouso, estão se adequando para uma moradia com um espaço adaptável, com atividades físicas, jogos lúdicos para acompanhar o ritmo que, neste momento, já passa a ser desacelerado no dia a dia e sem compromissos de horários.
Segundo o IBGE – Censo 2010, a população total de Curitiba é de 1.751.907 habitantes, sendo 198.089 idosos, o que corresponde a 11,3% da população com idade superior a 60 anos.
O Conselho Municipal do Direito da Pessoa Idosa (CMDPI) de Curitiba foi criado pela Lei Municipal nº 11.919 de 26 de setembro de 2006, com o objetivo de supervisionar, companhar, avaliar, fiscalizar e cumprir a política municipal da pessoa idosa.
A atuação do Conselho fez vir à luz um conjunto de denúncias de maus tratos, desrespeito ao Estatuto do Idoso e, inclusive, de agressões verbais e físicas, chegam em forma de demandas junto ao CMDPI pelo Disque 100, relatando maus tratos ocorridos com idosos. A violência contra a pessoa idosa já não é mais invisível. Qualquer cidadão poderá fazer denúncia por e-mail, telefone ou mesmo publicando nas redes sociais.
Políticas Públicas
Os benefícios foram criados para amparar os idosos acima 60 anos, dando prioridade em atendimentos jurídicos, em filas de bancos e serviços públicos, meios de transportes, assistência à saúde, incluindo a distribuição de medicamentos gratuitos, entre outros.
As Políticas Públicas têm o papel de trabalhar no âmbito familiar, dando suporte como palestras, informações e conhecimento de como aceitar uma convivência sadia – atividades como yoga, academia ao ar livre, grupos da terceira idade já instalados em algumas universidades, trabalhando atividades com programação desenvolvidas para este grupo de público senil.
O papel da(o) Psicóloga(o)
A percepção da violência ocorrida em pessoa idosa pode ser o primeiro sinal que a(o) profissional conseguirá avaliar diante da personalidade de uma pessoa idosa.
A preocupação das universidades em abrir as suas atividades junto a este grupo social, envolvendo os seus alunos, demonstra que estamos preocupados com a convivência em diversas áreas da saúde. Há necessidade de preparar essas(es) futuras(os) profissionais para um atendimento melhor, qualificando-as(os) cada vez mais. Este conhecimento, esta convivência e amadurecimento promoverão redução dos episódios de violência, sejam físicas ou verbais, ocorridas no âmbito familiar.