A sala do Forúm de Psicologia e Políticas Públicas: Reflexões e Práticas, realizado na manhã desta quinta-feira (23), durante o XIV Encontro Paranaense de Psicologia e o I Congresso Internacional de Psicologia da Tríplice Fronteira, ficou lotada. A mesa-redonda Políticas Públicas para o enfrentamento ao álcool, crack e outras drogras no Brasil: um desafio transversal reuniu especialistas e estudantes. A mesa foi composta pelos profissionais Anaídes Pimentel da Silva Orth, Guilherme Bertassoni da Silva, Fernanda Rossetto e Bruno Jardini Mader. O tema chamou a atenção do público, que ocupou todas as cadeiras da sala – e alguns ainda assistiram em pé.
A psicóloga Fernanda Rosseto destacou a prevenção ao uso de entorpecentes e fez uma reflexão abordando historicamente a relação entre o homem e as drogas. “Temos registros do uso de drogas bastante antigos, quando era utilizada no alívio da dor e em rituais culturais. A partir do século XIX, a droga ganhou um novo uso, o que passou a preocupar a sociedade”. Na opinião de Rosseto, prevenir vai muito além de simplesmente banir a possibilidade do uso. “Precisamos trabalhar de forma mais ampla para que possamos interferir na escolha do indivíduo. Para isso é preciso identificar os fatores de risco e fortalecer os fatores de proteção. Devemos entender a cultura na qual o indivíduo está inserido”.
Quatro fatores foram apontados como os principais na prevenção ao uso de drogas:
• Sociais – possibilidade de trabalho e lazer.
• Familiares – acompanhamento da família, regras e condutas claras, hierarquia e afetividade. Nada de forma extrema, ou seja, a família não deve superproteger o indivíduo e nem negligenciá-lo.
• Escolares – o bom desempenho escolar faz crescer a autoestima, além de contribuir para a cosntrução de um projeto de vida.
• Fatores do próprio Indivíduo – habilidades sociais, autoestima.
“Precisamos pensar em ações integradas, que envolvam os diferentes aspectos que levam à droga”, ressalta Fernanda.
Para a psicóloga Anaídes Pimentel da Silva Orth, os maiores desafios das famílias hoje são: violência, DSTs, desemprego, exclusão social, desamparo, abandono e uso de drogas psicoativas. “Todas essas situações podem provocar vulnerabilidade na organização familiar”. Sobre o sistema atual, Anaídes lamenta que as políticas públicas ainda sejam muito voltadas ao usuário e não ao sistema familiar como um todo. “A família é um instrumento de auxílio para o sucesso do tratamento”, garante.