Ontem, todos nós, paranaenses, fomos atingidos por uma tragédia. O atentado ao Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé-PR, nos avassala. As pessoas que compõem o Plenário, colaboradoras e trabalhadoras do Conselho Regional de Psicologia do Paraná lamentam profundamente o falecimento de Karoline Verri Alves e Luan Augusto da Silva, estudantes vítimas do ataque, e prestam toda a sua solidariedade à comunidade escolar e, principalmente, às famílias das vítimas.
Ao mesmo tempo que manifestamos nosso imenso pesar, expressamos também a indignação com a violência que atravessa o espaço escolar. Um fato como esse nos entristece, mobiliza e nos convoca a avançar na luta por relações sociais mais saudáveis, libertas e equânimes.
Como componentes da autarquia, a dor nos atingiu com toda a sua força, mas não nos paralisou, cientes de nosso papel social. A vice-presidenta do CRP-PR, psicóloga Rosiane Martins de Souza (CRP-08/14328), que atua no município, acompanha pessoalmente a comunidade neste momento. Também disponibilizou a estrutura da autarquia para colaborar nos movimentos necessários para as medidas após o ataque.
Nosso Grupo de Trabalho sobre violência nas escolas, formado há alguns meses, planeja um evento de grande porte sobre segurança e educação, previsto para agosto, em Curitiba. Posteriormente, serão realizadas edições descentralizadas nas regionais do Estado. Agora, além da importância de manter a ação, as psicólogas e psicólogos que o compõem passam também a cooperar na sugestão de medidas de acolhimento da comunidade e mitigação dos danos.
Situações como essa, que nos tocam profundamente, trazem o desejo de auxiliar. Profissionais de Psicologia buscam e desejam cooperar com a comunidade. No entanto, é preciso também cuidado ao nos juntarmos ao trabalho, para que o atendimento tenha a qualidade e a ética necessárias.
Dessa forma, é importante o contato com as equipes que já atuam no território e conhecem de forma mais profunda as necessidades da comunidade. É preciso identificar as medidas que já estão sendo tomadas pelas autoridades e compreender como é possível se integrar às frentes de trabalho voluntário desenvolvidas e das quais tenhamos conhecimento técnico e teórico. O atendimento também deve se articular às demais redes de atenção em saúde e assistência do município.
Nesse sentido, é importante atuarmos, mas, também, reconhecermos a necessidade de refletir a respeito desses processos a partir da ciência psicológica. A violência é um fenômeno complexo e multifacetário, que não começa e nem se encerra na escola, mas que causa enorme comoção ao vilipendiar espaços tão potentes como a educação.
As ponderações que constam na Nota Técnica “A Psicologia na prevenção e enfrentamento à violência nas escolas”, lançada em maio pelo Conselho Federal de Psicologia, podem ser um ponto de partida. Em especial, é preciso compreender como as desigualdades sociais e econômicas impactam processos de violência.
A nota também nos coloca a importância de evitar diagnósticos precoces e observar as necessidades das pessoas atingidas individual e coletivamente. Lembrando, ainda, que a estratégia de cuidados deve incluir profissionais de educação e de outras áreas das escolas atingidas, e não somente estudantes.
Para além do momento crítico, é preciso buscar construir uma Cultura de Paz em nossa sociedade, e a Psicologia na Escola pode ajudar nessa caminhada . Nós, componentes do CRP e profissionais da Psicologia, fazemos coro à nota do CFP e reiteramos o compromisso intransigente com a defesa de uma escola pública, gratuita, de qualidade e comprometida com o enfrentamento das violências, com proteção e segurança às crianças e jovens.