O Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (16 de março) é uma data importante para levantar debates sobre este fenômeno que já é realidade – como mostram diversos artigos e estudos – e traz efeitos concretos como o aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, afetando sobremaneira as populações mais vulneráveis.
Com o avanço do que hoje se convenciona chamar de “emergência climática”, as consequências físicas, materiais e na saúde mental ganham cada vez mais evidência nos debates da Psicologia. Uma pesquisa divulgada em 2021 pela revista The Lancet mostra que, globalmente, três a cada quatro jovens de 16 a 25 anos projetam o futuro como “assustador”, mais de 80% disseram que as pessoas não cuidam bem do planeta e 39% não estão seguros sobre a decisão de ter filhos pela incerteza sobre o futuro. Interessante notar que, considerando apenas os dados brasileiros, o pessimismo é ainda maior: 86% têm medo do futuro, 92% acreditam que a população vem falhando em lidar com o problema e quase metade (48%) é hesitante em relação à decisão de gerar descendentes por receio dos impactos da crise do clima.
No livro “A psicologia das mudanças climáticas” (Ed. Blucher; 1ª edição, 2021), os autores Geoffrey Beattie e Laura McGuire buscam elementos que explicam o negacionismo de algumas pessoas e também a dificuldade que temos em mudar os nossos hábitos, mesmo diante a imperiosa necessidade de fazê-lo com a máxima urgência. “O problema com muitos aspectos do comportamento cotidiano do consumidor é que eles são muito rápidos e automáticos”, afirmam os Beattie e McGuire, para então defender que se este deve ser o ponto de partida para campanhas mais assertivas. “Tem havido foco demais nos aspectos negativos e ênfase demasiada na culpa e no medo, sem oferecer uma alternativa recompensadora.”
Para debater o tema de maneira mais aprofundada, outra dica é a palestra “Mudanças Climáticas: qual o papel da Psicologia”, a ser ministrada pelo Prof. Dr. Taciano L. Milfont, da Universidade de Waikato, na Nova Zelândia. A palestra faz parte da programação do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e será transmitida pelo YouTube no dia 30 de março, às 18h. Saiba mais em @ppgpsico ou clicando aqui.
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