Violência contra as mulheres: faces e interfaces com a Psicologia

Com base nas diretrizes desenvolvidas durante o Planejamento Estratégico do XV Plenário, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) levanta o questionamento: quais as possibilidades da Psicologia na luta contra a violência de gênero?

Segundo o 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2022, 26 mulheres são agredidas no Brasil a cada uma hora. Esses dados comprovam o aumento da incidência dos casos e, embora seja notado o crescimento do debate sobre a temática, ainda se faz necessário voltarmos nossa atenção para os impactos da violência contra mulheres no âmbito da saúde mental, em especial à população negra. 

Em relação a isso, a Comissão de Mulheres do CRP-PR convida toda a categoria profissional e estudantil para a palestra “Violência contra as mulheres: faces e interfaces com a Psicologia”, marcada para o dia 12 de agosto, a partir das 9h, com transmissão online para maior alcance na participação de todas.

O evento também acontece na sede de Curitiba do CRP-PR, e será mediado pela conselheira presidenta do CRP-PR, psicóloga Griziele Martins Feitosa (CRP-08/09153), e contará com a participação da conselheira vice-presidenta do CRP-MG, psicóloga Liliane Cristina Martins (CRP-04/50845), mulher negra e lésbica, especialista em Direitos Humanos e Cidadania pelo Instituto de Direitos Humanos (IDH), mestra em Psicologia Social e doutoranda em Psicologia Social pela UFMG, além de pesquisadora dos conceitos de interseccionalidade, solidão da mulher negra, efeitos do racismo na construção da subjetividade da população negra e feminismo negro. 

Para Liliane, é necessário que a categoria profissional feminina se atente às intersecções encontradas no contexto da violência de gênero contra mulheres negras: “Estamos, enquanto psicólogas, dentro das delegacias de mulheres, fazendo os atendimentos e acolhimento das mulheres que estão em situação de violência e precisamos nos atentar às especificidades das mulheres negras que, para além de serem atravessadas pelo machismo, são também atravessadas pelo racismo”.

Durante a palestra, serão debatidas as demais conjunturas da violência de gênero, que afetam também as crianças e adolescentes, além da população trans e travesti. O impacto dessas violências na saúde mental é profundo e atinge toda a comunidade e áreas de atuação, tornando imprescindível à Psicologia o diálogo de possíveis ações para a mudança dessa realidade. 

A profissional Liliane convida toda a categoria a lhe acompanhar em uma análise sobre as ramificações da violência de gênero contra a população negra feminina, compreendendo todo o contexto histórico que está inserido por trás desse debate. “Convido a categoria a me acompanhar em uma travessia que começou há muito tempo, […] grande parte do nosso passado, enquanto mulheres negras, foi apagado, queimado e destruído, nos tirando o direito de saber exatamente de onde viemos. Hoje, a mulher negra precisa entender que não está sozinha. Então, enquanto psicólogas, precisamos refletir sobre as questões raciais dentro do país”, completa ela.