O segundo dia de atividades do XVII Encontro Paranaense de Psicologia contou com diversas atividades: sete minicursos, seis mesas-redondas, além de oito salas paralelas de comunicações orais, uma seção de pôsteres, Fóruns, atividade cultural e palestra magna. Tudo isso em um hall virtual, que simula um local de eventos em que as(os) participantes podem entrar e sair das salas e até mesmo interagir em um ponto de encontro.
Os temas das atividades foram diversos e, dentro de cada eixo temático do evento, abordaram questões atuais e urgentes em nossa sociedade: como a Psicologia está interligada, afeta e é afetada por problemas sociais, políticos, ambientais, sanitários e as tantas crises que nos atingem. Uma crise civilizatória, como tantas e tantos nos lembraram ao longo das apresentações desta quinta-feira (07).
Neste sentido, minicursos e mesas-redondas promoveram ricas trocas de conhecimento sobre temas como formação em Psicologia e seus desafios; epistemicídio das(os) autoras(es) negras(os); capacitismo e opressões às pessoas com deficiência; reforma psiquiátrica e luta antimanicomial em um contexto de desmontes de políticas públicas; a fome e outras mazelas e sua conexão com o sofrimento psíquico; o encarceramento em massa, entre outros. Além disso, tópicos bastante técnicos e de aplicação prática agradaram bastante às(aos) participantes em busca de reciclar seus conhecimentos, tais como o minicurso sobre elaboração de documentos, atendimento online e acolhimento de crianças e adolescentes, entre outros.
A palestra magna da noite, ministrada pela Psicanalista e Professora Titular do Instituto de Psicologia da USP Miriam Debieux Rosa (CRP-06/04403), com mediação da Psicóloga Rima Awada (CRP-08/17102), foi um excelente fechamento para estas reflexões. Citando autores como o próprio Freud e outros como Walter Benjamin, Miriam convocou as(os) participantes do evento a refletirem sobre o tema do evento: cultivar um futuro agora.
O presente, no entanto, é cheio de desafios. Populações inteiras são violentadas e pagam um preço social alto, recebendo muito pouco em troca. A história nos diz isso, Miriam lembra: colonizados que somos, por vezes esquecemos deste lugar, e reproduzimos sobre o outro o esmagamento do diferente. Na necropolítica, há uma guerra sem nome: contra mulheres, pessoas estrangeiras, pobres, negras, e tantas outras. Tentamos sobreviver, mas queremos ir além: queremos cultivar o futuro agora, para além da desilusão, do desamparo social e discursivo, do silenciamento.
A Psicologia, como fruto de seu tempo, precisa pensar em todas estas questões, visitando “os fundamentos teóricos, epistemológicos e clínicos para dar conta dos questionamentos da nossa época” para, então, serem transformados, desdobrados, recriados, abandonados, (re)inventados. “É fundamental, para pensarmos o nosso tempo, repensar a nossa prática, as nossas intervenções no campo social, junto a sujeitos singulares, de forma a pensar não uma adaptação, mas uma transformação”, afirmou a palestrante.
O futuro – ou o presente no qual o construímos – deve conviver com novos saberes, novas epistemologias, para lidar com o sofrimento. Pensar nos pilares da formação, no lugar da universidade, em uma sociedade que, por um lado, tenta superar males como o machismo, o racismo, a xenofobia, entre outras violências, mas que por outro ainda é tomada por eles. “Retomar os marcadores sociais não para congelar identidades, mas para dialetizar as identidades, transformando em enigmas, não em impedimentos para pensar os casos clínicos”, conclui a profissional.
Atividade cultural
Minutos antes da palestra que fechou a noite, a apresentação teatral em formato de vídeo intitulada “Condolências”, do Grupo Cena Hum, trouxe, em forma de arte, todo o sofrimento que o luto impõe às pessoas, de forma muito mais massiva e aprofundada pela pandemia que ora atravessamos.
A apresentação emocionou as pessoas presentes na sala virtual, uma vez que debateram de forma profunda a relação humana com este sentimento em um momento em que ele se impõe de forma mais contundente, inegável e inegociável.
Lançamento da Revista CadernoS de PsicologiaS
Durante o XVII EPP, membros da Comissão Editorial da Revista CadernoS de PsicologiaS participaram do lançamento – simbólico, na impossibilidade de estarmos juntas e juntos presencialmente – da edição impressa de sua primeira edição, disponibilizada virtualmente em dezembro de 2020.
A edição, que tem como mote o tema “Atravessamentos da Covid-19 nas práticas e saberes em Psicologia”, conta com textos de dezenas de autoras e autores em categorias como Inquietações Teóricas e Relatos de Experiência.
Logo após o lançamento oficial, as(os) autoras(es) também tiveram a oportunidade de relatar um pouco dos processos criativos em uma mesa-redonda. A segunda edição da revista está recebendo textos; saiba mais em: crppr.org.br/revista-cadernos-psicologias-segunda-edicao
Para conhecer, acesse: cadernosdepsicologias.crppr.org.br