De maneira totalmente online em respeito às restrições ainda impostas pela pandemia, o XVII Encontro Paranaense de Psicologia (XVII EPP) foi declarado oficialmente aberto na noite desta quarta-feira, 6 de outubro.
A mesa de abertura, conduzida pela Conselheira Psic. Natalia Cesar de Brito (CRP-08/17325), contou com a presidente do Conselho Federal de Psicologia, Psic. Ana Sandra Fernandes Alcoverde Nóbrega (CRP-13/5496), a presidente do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Psic. Célia Mazza de Souza (CRP-08/02052), e a presidente do XVII EPP, Psic. Ana Lígia Bragueto (CRP-08/08334). Além disso, a conferência magna de abertura ficou por conta do filósofo, escritor e músico Vladimir Safatle.
As primeiras falas, muito emotivas, recuperaram os principais desafios que a nossa sociedade enfrenta atualmente, como a pandemia, a necropolítica, os desmontes de políticas sociais e ambientais, a destruição das florestas, rios e povos originários, a desigualdade de gênero, sexual e racial, entre outros.
A presidente do XVII EPP esteve implicada no desenvolvimento do tema do evento juntamente com outras profissionais e pontuou que “estamos adoecidos, exaustos e temos nos privado da experiência de sonhar”. O encontro, chamado por Célia Mazza como um espaço de abraços – ainda que virtuais – apresenta-se como uma possibilidade, então, de se retomar essa capacidade de “inventarmos novas narrativas para o amanhã que desejamos”, nas palavras de Ana Lígia. Ou, como disse Ana Sandra, a construção do futuro agora, podendo tornar o impossível possível.
Aquilo que poderia ser diferente ainda não começou
Para iniciar o evento, que se estende até sábado com uma grande variedade de atividades na programação, Vladimir Safatle trouxe reflexões densas e profundas sob o enfoque da teoria de Theodor Adorno, autor que codifica conceitos como o da indústria cultural.
Ao longo de sua fala – e ao responder diversas perguntas das(os) participantes, Safatle fez um passeio por questões sociais históricas, desde a relação desigual entre países centrais e os dominados economicamente por um capitalismo desigual – e, por que não dizer, falido enquanto sistema social – à imposição de uma ilusória e impossível obrigação individual de se obter sucesso pessoal, que acaba gerando sofrimentos psíquicos diversos.
Além disso, mostrou como a patologização de algumas vivências, citando como exemplo a homo e a transexualidade, foi utilizada até muito recentemente pela própria Psicologia. A clínica, então, precisa prescindir de intervir naquilo que é diferente de maneira patologizante, uma vez que “aquilo que poderia ser diferente ainda sequer começou”.