Desde 2007, o dia 06 de dezembro é marcado como o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Essa data explicita a desigualdade de gênero e convida os homens a refletir sobre o local que ocupam nas relações de gênero, intrinsecamente constituídas pela violência, convidando-os a assumir uma postura ativa no combate a essas violências de gênero.
Nossa sociedade é atravessada historicamente pelo processo colonial e patriarcal, pautado na hierarquização binarista de gêneros, sendo o lugar de maior poder ocupado por homens cisgêneros, heterossexuais e brancos. Essas intersecções impõem um sistema de subalternização das mulheridades, bem como de outras identidades de gênero.
O saber e fazer da Psicologia deve se basear na responsabilidade social, ético-política e crítica, na defesa dos Direitos Humanos e no combate a todas as formas de violências. Para tanto, a crítica interseccional deve permear de modo transversal a práxis psi, considerando as estruturas sociais e históricas que são opressivas. Profissionais da Psicologia devem considerar os atravessamentos complexos das intersecções entre raça, gênero, classe, sexualidade, deficiências, territorialidades e culturas.
Tratando-se de uma mobilização, que todas as pessoas da categoria que se identificam com as masculinidades possam se engajar no enfrentamento de quaisquer formas de violências contra as diversas mulheridades – cis, trans, travestis, negras, amarelas, indígenas, brancas, intersexo, com ou sem deficiências.
Gênero é a identificação de uma relação de poder e dominação dos homens sobre as mulheres (e de todo o campo da feminilidade), que se construiu no ocidente e, através da colonização, se espalhou pelo mundo como uma imposição violenta. Essa perspectiva eurocentrada do colonizador levou consigo, para as Américas, países africanos e países do oriente a heterossexualidade, o Cristianismo, o homem e a mulher como únicas possibilidades de se existir e de se ser considerado humano. O que não se adequava era violentado ou exterminado.
Indicações de leituras
Resolução CFP nº 08/2020: Estabelece normas de exercício profissional da Psicologia em relação às violências de gênero
Nota Técnica CRP-PR n° 004/2020: Orienta a categoria sobre o atendimento a mulheres em situação de violência
