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Notícia

Dia Nacional da Língua Portuguesa – 05/11

Autoria: Fabiane Kravutschke Bogdanovicz (CRP-08/19219), psicólogue pós-graduande em Linguística

Descrição da imagem: 05 de novembro, Dia Nacional da Língua Portuguesa. Imagem de um livro aberto com filtro laranja e elementos azuis. Logo de CRP-PR.

A Língua Portuguesa é o idioma oficial do Brasil e um entre os mais de 250 existentes no país, incluindo línguas de sinais, idiomas indígenas, afro-brasileiros, de imigração, entre outros.

A linguagem permeia as relações, possibilitando a construção da relação simbólica entre indivíduo e mundo. É um sistema pelo qual uma cultura expressa e reafirma seus valores, conhecimentos e perspectivas. Mas os sujeitos falantes, além de reproduzirem a realidade ao falar, também constroem a realidade e a língua a partir do uso que fazem dela.

O formato de aprendizado da língua centrado na gramática normativa leva a um entendimento (limitado) de que ela é um conjunto de regras fixas e arbitrárias a serem decoradas. Esse ensino não fomenta o pensamento crítico sobre a língua como algo histórica e socialmente construído. Ainda que aparente uma estabilidade, toda língua se transforma, conforme se transformam as pessoas e a sociedade, na realidade material na qual essa língua ocorre. O modelo idealizado de língua culta como superior à coloquial apaga o valor dos usos reais e da diversidade humana. É preciso considerar a subjetividade nos estudos de linguagem, pois as pessoas põem a linguagem em movimento.

Com esse entendimento, impõe-se o respeito e a valorização do que Lélia Gonzalez chama de Pretuguês (fortes influências africanas no português brasileiro) e também das variações propostas por grupos minoritários, como a neolinguagem, linguagem neutra e linguagem inclusiva, que evidenciam as relações de poder presentes na Língua Portuguesa. A Linguística compreende que tais mudanças mantêm a língua viva, pois é o constante processo de transformação que garante a evolução da língua conforme as necessidades de sua comunidade linguística, sendo essa pluralidade sua riqueza.

Silvia Lane (1995, p. 33):

“Esta análise nos permite apontar para uma função da linguagem que é a mediação ideológica inerente nos significados das palavras, produzidas por uma classe dominante que detém o poder de pensar e ‘conhecer’ a realidade, explicando-a através de ‘verdades’ inquestionáveis e atribuindo valores absolutos de tal forma que as contradições geradas pela dominação e vividas no cotidiano dos homens são camufladas e escamoteadas por explicações tidas como verdades ‘universais’ ou ‘naturais’, ou, simplesmente, como ‘imperativos categóricos’ em termos de ‘é assim que deve ser’.”

LANE, Silvia Tatiane Maurer. Linguagem, pensamento, e representações sociais. In: LANE, Silvia Tatiane Maurer; CODO, Wanderley (Orgs.). Psicologia social: o homem em movimento. 1a reimpressão. São Paulo: Brasiliense, 1995. P. 32-39.

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