No Dia Mundial sem Carro, marcado para acontecer em 22 de setembro, diversas cidades do mundo estimulam a reflexão sobre o uso do automóvel para locomoção, com a proposta de encontrar neste dia outras alternativas para a mobilidade. O uso excessivo dos carros traz danos ambientais pela poluição do ar e das águas, o consumo demasiado de recursos naturais e o aumento de temperatura nas cidades. O congestionamento, o estresse provocado pelo trânsito, a diminuição de convívio social e a propensão ao desenvolvimento de doenças respiratórias também são resultados nocivos da priorização desse meio de transporte. Além disso, a data também traz a questão de que a maioria das cidades foram pensadas para o uso de carros individuais, carecendo, assim, de estrutura para os transportes coletivos, bicicletas e pedestres.
O papel da Psicologia
O trânsito reflete, muitas vezes, consequências tanto negativas como positivas do comportamento humano nesse contexto. Dessa forma, a Psicologia tem colaboração importante nessa discussão. A Comissão de Psicologia e Mobilidade Humana do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), coordenada pelo Psicólogo Hugo Nascimento Rezende (CRP-08/08806), propôs, ao longo de três anos de trabalho, ações que ressaltaram os benefícios da atuação das(os) Psicólogas(os) no contexto do trânsito para além da avaliação psicológica, em um trabalho junto à sociedade e aos profissionais de outras áreas.
Entre as atividades, foram realizados três Encontros de Mobilidade Humana e Trânsito, as campanhas do Maio Amarelo, atividades nas Subsedes do CRP-PR e a participação em instâncias do controle social, nos quais foi possível apresentar a Psicologia como área de atuação que faz diferença em um trabalho para mudar comportamentos no trânsito. Entre os dias 18 e 25 de setembro, o CRP-PR também apoia a Semana Nacional do Trânsito de São José dos Pinhais. Segundo Hugo, o evento é um momento importante que faz com que a sociedade pare para perceber e entender os temas do trânsito e da mobilidade, além de ser possível apresentar à sociedade tudo o que tem sido feito para transformar o trânsito em um local mais seguro.
Essa mudança de pensamento faz com que nós tenhamos também que mudar nosso entendimento quanto ao comportamento no trânsito, e para isso a Psicologia contribui muito: na questão de percepção do usuário, na análise mais ampla do sujeito nos seus diferentes modais e nos diferentes contextos da sociedade
Hugo Rezende
Para Hugo Nascimento Rezende, com o passar do tempo o Dia Mundial sem Carro possibilitou uma discussão importante sobre qual é o papel do carro e das pessoas no trânsito. Atualmente, inclusive nas reformulações de políticas públicas, tem-se pensado mais num trânsito para pessoas do que para carros. Outro aspecto que pode ser percebido é que os jovens procuram cada vez menos comprar um carro, aponta Hugo, uma vez que consideram que suas qualidades de vida aumentam sem essa utilização. “Essa mudança de pensamento faz com que nós tenhamos também que mudar nosso entendimento quanto ao comportamento no trânsito, e para isso a Psicologia contribui muito: na questão de percepção do usuário, na análise mais ampla do sujeito nos seus diferentes modais e nos diferentes contextos da sociedade”, analisa o Psicólogo.
Essa forma mais sustentável de pensar a mobilidade também provocou a maior utilização do sistema de bicicletas e patinetes elétricos compartilhados. Apesar de ser uma alternativa ao uso do carro, Hugo aponta os riscos dos modos de utilização displicentes, que podem provocar acidentes: “Muitas pessoas ainda entendem a bicicleta como um brinquedo e não como um veículo. Destaca-se também que cidades às vezes não têm uma estrutura para entender esse tipo de modal no momento”, reflete.
Muitas pessoas ainda entendem a bicicleta como um brinquedo e não como um veículo. Destaca-se também que cidades às vezes não têm uma estrutura para entender esse tipo de modal no momento
Hugo Rezende
Apesar dos efeitos prejudiciais do carro, é relevante pensar que ele é importante pela velocidade de deslocamento e contribui para pessoas que se encontram em situações especiais de mobilidade, como gestantes, pessoas idosas, crianças pequenas, pessoas com necessidade especiais e também para o transporte de itens que não poderiam ser carregados com as mãos. Porém, quando uma pessoa não se encontra nessas situações, outros modais, como a bicicleta, contribuem para a saúde, o meio ambiente e a economia na sociedade. Hugo acrescenta que utilizar outras alternativas de mobilidade também é uma possibilidade de encontrar distâncias menores para a organização dos percursos do dia a dia, proporcionando assim mais uma melhora na qualidade de vida.