Durante o 8º Fórum Mundial da Água, que está acontecendo entre os dias 18 e 23 de março em Brasília, líderes mundiais e sociedade civil estão discutindo soluções para a crise hídrica do planeta. Uma das datas do evento, 22 de março, marca do Dia Mundial da Água, escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ser um momento de reflexão e conscientização aos temas relacionados à preservação deste bem natural. E você, já parou para pensar no impacto que a água tem no seu dia a dia?
Esse elemento é essencial para a criação e para a manutenção da vida. Porém, a presença da água ocorre de diversas maneiras. Segundo Eduardo Chierrito (CRP-08/22624), coordenador da Comissão de Psicologia Ambiental de Maringá, “a água possui atributos e valores simbólicos construídos ao longo da evolução humana e seus contextos socioambientais”. Ela pode ser objeto de análise para temas subjetivos do nosso inconsciente.
O Psicólogo explica que, de maneira simbólica, a água pode representar pureza e transparência, mas também expressão da força bruta, como nas manifestações de Poseidon, deus do mar da Grécia Antiga. Compreender esses valores simbólicos é importante para entender melhor o cotidiano, no qual certas situações podem passar despercebidas: “inconscientemente é possível ter experiências de transformação e calmaria proporcionada pelas ondas do mar, ou pela simples ingestão de água em tempos de sede, assim como o temor proporcionado em tempestades ou em grandes secas”, analisa Eduardo.
A simbologia também pode estar ligada à mãe, já que toda a vida vem da água, segundo a Psicóloga Rute Milani (CRP-08/05806): “a primeira forma da vida humana se dá no útero, imersa no líquido amniótico. Por isso, representa o nascimento e renascimento, no batismo”.
Rute explica que a água é um símbolo do sentimento, representando as emoções, e que “assim como o ser humano, nunca é a mesma, pois se constitui em um elemento transitório como a correnteza de um rio”.
O ser humano buscou não só consumir a água, mas apropriar-se dela, de acordo com Eduardo. O que era um bem comum passou a ser um bem privado. A consequência desse processo afetou diretamente o ambiente, prejudicando a disponibilidade dos recursos naturais. Eduardo explica que um modelo de vida ecológico (ou seja, no qual o humano não é proprietário da natureza, mas está em inter-relacionado com ela) deve ir além da necessidade física que temos com a natureza: “muitas vezes as pessoas associam tais temas exclusivamente à questão física e negligenciam que aspectos psicológicos também dependem desse elemento. A falta da água, por exemplo, pode estar associada à dificuldade atenção, o que prejudica o processo de memorização”. Rute coloca que a falta de água pode gerar inúmeros problemas fisiológicos que alteram o funcionamento do organismo, interferindo nas funções psicológicas. Segundo a Psicóloga, a água promove sensações de tranquilidade e bem-estar. Com a falta da água, “o corpo desacelera o metabolismo, gerando sintomas depressivos como cansaço, fadiga, irritabilidade”.
Nesse Dia Mundial da Água, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná convida a pensá-la sob a perspectiva de “pessoas-ambiente”, da Psicologia Ambiental, uma vez que transformamos e somos transformados pelo ambiente em que vivemos. É preciso considerar as questões sociais e culturais juntamente com os temas ambientais; afinal, nossa realidade é permeada de interações biopsicossociais.