“Refletir sobre a dignidade humana, levando em consideração que todas as pessoas devem ser respeitadas em suas peculiaridades para assim poderem se desenvolver física e psiquicamente.” Esta é a responsabilidade de Psicólogas(os), de acordo com a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da subsede do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) em Maringá, Psicóloga Eliane Rose Maio (CRP-08/02204).
Conversamos com Eliane sobre este tema tão presente nas ações do CRP-PR para lembrar este dia 10 de dezembro – mesma data em que a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (leia aqui).
Refletir sobre a dignidade humana, levando em consideração que todas as pessoas devem ser respeitadas em suas peculiaridades para assim poderem se desenvolver física e psiquicamente.
Ainda que o Brasil tenha assinado o documento já na época de sua publicação, a violação de tais direitos ainda é muito presente em nossa sociedade. Especialmente as populações vulneráveis, como mulheres, LGBTIs, negros, etc. são alvo de violências físicas e psicológicas diariamente.
A violação dos direitos básicos à vida, à liberdade e à segurança pessoal, por exemplo, pode impactar de forma profunda a subjetividade e a saúde mental. A Psicologia possui papel fundamental ao atuar “visando a promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades” e “para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (Código de Ética Profissional do Psicólogo, Princípio Fundamental II).
Confira na sequência a entrevista completa com a Psicóloga Eliane Maio, que fala sobre a realidade dos Direitos Humanos na formação e na prática profissionais.
CRP-PR: A relação entre Direitos Humanos e Psicologia está no Código de Ética. Mas, e na prática?
Eliane Maio: A Psicologia se faz pelo ser humano, em prol da sua saúde psíquica. Enquanto ciência que se preocupa com a dimensão psíquica do ser humano, precisa se recriar constantemente, visando a olhar para cada peculiaridade desse contexto, em processos de formação social, cultural, econômica e política, respeitando cada maneira de ser da pessoa, compreendendo-a por essa direção.
A escuta busca o resgate da autonomia do sujeito e deve ser “treinada” com a perspectiva do respeito aos Direitos Humanos, tendo em vista a sua práxis, visando a uma sociedade mais justa
Qual a importância do ensino desses direitos na formação da(o) estudante de Psicologia?
A(o) estudante de Psicologia deve, por meio do seu compromisso ético, juntamente com os conhecimentos teóricos, ser direcionada(o) para atender o ser humano, independente da sua raça, religião, condição econômica, orientação geográfica, gênero, idade, grau de instrução, etc. Ao abordar os temas de Direitos Humanos em quaisquer áreas de estudos, devemos discutir quais critérios são mais adequados para que as pessoas implicadas no atendimento psicológico, em qualquer área, sejam respeitadas. Há muito a se discutir e se estudar, implicando a promoção da saúde física e psíquica e da qualidade de vida de cada pessoa.
Qual a importância da escuta na promoção dos Direitos Humanos?
Um dos instrumentos de trabalho da(o) Psicóloga(o) é a escuta psicológica, ou seja, ouvir o sujeito contextualizando-o em suas relações e vivências. A escuta busca o resgate da autonomia do sujeito e deve ser “treinada” com a perspectiva do respeito aos Direitos Humanos, tendo em vista a sua práxis, visando a uma sociedade mais justa.