
A atuação da pessoa psicóloga junto aos povos indígenas é um compromisso ético-político que demanda práticas sensíveis e interculturais. Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) reafirma que profissionais da Psicologia têm papel fundamental na promoção de saúde mental que respeite e valorize plenamente as especificidades culturais, históricas e espirituais dos povos originários.
Esse compromisso torna-se ainda mais urgente diante do atual contexto de ameaça aos direitos indígenas no Brasil. A recente reabertura, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do debate sobre o marco temporal, mesmo após sua declaração de inconstitucionalidade, reforça um cenário de violência e espoliação nos territórios tradicionais. Maurício Terena, advogado da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), alerta que decisões como essa intensificam vulnerabilidades e violências contra as comunidades indígenas (Repórter Brasil, 2025).
Nesse cenário, cabe à Psicologia atuar de forma crítica e decolonial, contribuindo com processos coletivos de resistência, acolhimento das demandas psicossociais e enfrentamento das violências institucionais. Seguindo as “Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) junto aos Povos Indígenas” de 2022, é essencial que a prática profissional esteja alinhada à valorização dos saberes ancestrais, escuta sensível e compreensão ampliada sobre os impactos psicológicos decorrentes das violências históricas e estruturais.
Neste mês que marca o dia dos povos indígenas de resistência e luta, convidamos a categoria e toda a sociedade a refletir sobre nossas responsabilidades coletivas. Que a Psicologia esteja comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e plural, em respeito profundo às lutas, culturas e direitos dos povos indígenas.
* Texto elaborado pelo Núcleo de Psicologia e Povos Indígenas do CRP-PR