Em 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no mundo poderá chegar aos dois milhões, o equivalente a um quinto da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, que já era o quinto país com maior população idosa em 2016, a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que o número de pessoas nesta faixa etária ultrapasse o de crianças e adolescentes entre zero e 14 anos no ano de 2031.
Diante desse cenário, é fundamental a criação de políticas públicas e estratégias que promovam a melhoria e a manutenção da saúde e qualidade de vida das pessoas idosas, bem como o atendimento adequado em âmbitos como o sistema de saúde.
A fim de sensibilizar a sociedade sobre o tema, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional do Idoso em 1991, marcado para todo 1º de outubro. A Assembleia Geral da ONU também adotou o Princípio das Nações Unidas em Favor das Pessoas Idosas, contendo 18 direitos em relação à participação, cuidado, independência, autorrealização e dignidade. Em 2002, foram criados a Declaração Política e o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento de Madrid, com alterações de atitudes, políticas e práticas para atender as diferentes potencialidades do envelhecimento no século XXI.
“Uma sociedade para todas as idades possui metas para dar aos idosos a oportunidade de continuar contribuindo com a sociedade. Para trabalhar neste sentido é necessário remover tudo que representa exclusão e discriminação contra eles.”
Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento.
Estigma
Cada vez mais as pessoas envelhecem com qualidade, ativas e participativas, segundo a Psicóloga Ana Claudia Wanderbroocke (CRP-08/04868), que estuda o tema do envelhecimento. Ela explica que a tendência é que a sociedade adote diferentes significações em relação à velhice, mas que isso não é algo a curto prazo.
A população idosa ainda enfrenta discriminações e preconceitos, sendo muitas vezes considerada como menos produtiva e menos relevante. A pesquisadora destaca que o padrão de desempenho adulto é imposto como referência e considera outras faixas etárias incapazes, o que nem sempre é a realidade considerando suas características e necessidades próprias.
“Em geral aceitamos a longevidade, mas não o envelhecimento. Enquanto sociedade cultuamos os atributos associados à juventude, beleza e vigor físico. Com isso, tudo que se associa ao envelhecimento não é bem visto ou se evita, se esconde”, interpreta Ana.
Por outro lado, a Psicóloga avalia que há também um movimento de afirmação de pessoas mais velhas em relação a assumir e não esconder os sinais do envelhecimento, como manter os cabelos grisalhos e evitar procedimentos estéticos mais radicais, o que simboliza uma resistência à supervalorização de características tidas como “jovens”.
Envelhecimento ativo
O Envelhecimento Ativo é uma política de saúde mundial adotada pela OMS em 2002 e definida como um “processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. O termo faz referência a um modo de vida com bem-estar físico, social e mental em todas as fases, destacando o potencial das pessoas idosas, que podem participar da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades.
Para Ana, proporcionar um envelhecimento ativo é importante porque considera que as pessoas produzem de diferentes maneiras, tanto no mercado de trabalho como para elas próprias ou para suas comunidades. Isso envolve atividades profissionais, voluntárias ou de lazer. Segundo ela também é necessário ampliar as potencialidades de cada sujeito ampliando a participação e possibilitando manter “as pessoas integradas e pertencentes a um grupo ou comunidade, o que afeta positivamente a autoestima e a saúde global (física e emocional), evitando o isolamento e as diferentes formas de violência contra as pessoas idosas”. Essa tarefa não é possível sem ações da sociedade, oferecendo condições para a participação através de políticas públicas, atividades para os idosos, segurança e infraestrutura.