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A Psicologia nos primeiros mil dias de vida da criança

Pouco difundido no Brasil, o trabalho clínico com bebês e crianças de até 3 anos de idade pode ser fundamental para desenvolver habilidades cognitivas e motoras, prevenir ou tratar precocemente questões como o autismo, além de contribuir para um saudável desenvolvimento psíquico. A Psicóloga Camila Tavares (CRP-08/18430) atua com esta faixa etária nos setores público e privado e salienta os benefícios de uma intervenção precoce, que em geral é realizada pelo protocolo IRDI (Indicadores clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil): “é importante lembrar da neuroplasticidade das crianças, ou seja, com estímulos nos primeiros mil dias de vida o cérebro consegue fazer novas conexões. Já vi casos de diagnósticos de paralisia cerebral em que o prognóstico era de não falar, não andar, mas com o trabalho realizado houve bons progressos”, conta a cofundadora do Projeto Trajeto Infância. 

 

 

Um acompanhamento nesta faixa etária, sempre primando pelas atividades lúdicas que despertam a atenção da criança atendida, não pode deixar de levar em consideração a família. Além de importante suporte nas atividades, ela também participa do trabalho e pode melhorar a maneira de vivenciar questões como luto ou traumas. “Trabalhamos com a Psicanálise e com isso consideramos muito os membros da família como um todo, observando aspectos que podem interferir neste núcleo e até mesmo na vida adulta daquela criança”, destaca a Psicóloga. “É preciso ter atenção para o sofrimento psíquico na primeira infância com o olhar das relações, da família.”

 

 

Em uma sociedade que tende a optar pela medicalização, Camila já percebe maior abertura de escolas e famílias para um acompanhamento psicológico, ainda que medicamentos possam ser úteis e necessários quando bem administrados. Além disso, Psicólogas(os) que trabalham com este enfoque vêm recebendo cada vez mais demanda, seja das famílias e educadoras(es), seja de serviços de assistência social ou mesmo do Sistema de Justiça – no caso, por exemplo, de crianças vítimas ou testemunhas de violência. “Há um programa nacional de treinamentos para que profissionais das Unidades Básicas de Saúde e outros equipamentos percebam casos de necessidade e apliquem protocolos de diagnóstico ou encaminhem para os serviços especializados, que estão disponíveis na rede pública também”, explica. 

Usar a criatividade, brincar com brinquedos de verdade, incentivar as relações humanas, resgatar o que é ser criança. As telas podem ser úteis para manter o contato com amigos e familiares, mas o uso exagerado pode trazer sérios problemas.

A infância na pandemia

As crianças foram profundamente afetadas pela pandemia e pelas medidas de distanciamento social adotadas para conter a disseminação do vírus. Com escolas fechadas, o convívio com outras crianças foi cessado, ao passo que com a família direta foi intensificado. Com diferenças sociais e de estruturação familiar, cada uma lidou e vai lidar de forma diferente com isso: “algumas famílias conseguiram aumentar o convívio de forma saudável; outras, pela sobrecarga de trabalho e outras questões, não conseguiram. Ainda não sabemos que consequências tudo isso trará, mas é possível que vejamos casos de mais dificuldades no convívio social, por exemplo”, conjectura a profissional.

 

Para o Dia das Crianças, Camila tem uma dica simples, mas muito importante para o desenvolvimento na infância: brincar fora das telas. “Usar a criatividade, brincar com brinquedos de verdade, incentivar as relações humanas, resgatar o que é ser criança. As telas podem ser úteis para manter o contato com amigos e familiares, mas o uso exagerado pode trazer sérios problemas”, alerta.

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