Por Psic. Márcia Regina Walter (CRP-08/02054) Coordenadora da Comissão de Psicologia do Esporte do CRP-PR
A criança em contato com o esporte e, principalmente, com a competição, depara-se com situações nas quais seu sucesso ou fracasso é muito visível àquelas(es) fora da sua família imediata —situações estas que podem lhe dar o sentimento do próprio valor outorgado pela sociedade. A qualidade destas confrontações iniciais com o esporte é raramente esquecida quando atingem a idade adulta.
Diante de uma competição, a(o) atleta se encontra submetida(o) a uma série de fatores estimulantes, bloqueadores e debilitadores de seu potencial. Se para uma(um) adulta(o) estes fatores geram ansiedade e nervosismo frente a uma competição, na criança não poderia ser de forma diferente. É provável, contudo, que as tensões da competição exerçam influência mais pronunciada sobre a personalidade da criança do que acontece quando adultas(os) são expostas(os) a uma quadra esportiva. A criança pode sentir a competição como um momento de extrema ansiedade e ameaça, dependendo de como os pais e profissionais que trabalham diretamente com ela agem quando a criança fracassa.
Segundo o autor Rainer Martens, em obra de 1978, deve-se usar a bondade com crianças no esporte, em vez de se enfatizar demasiadamente a vitória, a fim de que a experiência esportiva seja proveitosa para elas.
A partir do momento que a criança sentir confiança no apoio que pais, mães e responsáveis proporcionam pela sua atuação no esporte, independentemente dos resultados obtidos, e quando ela sente este mesmo apoio das(os) profissionais que a orientam, compreendendo-a e motivando-a adequadamente frente as diversas situações do esporte, isto refletirá em um aumento na sua autoconfiança e a vitória virá como consequência.
Foto de autoria de Jose Roberto Walter
Desta forma, é importante que no trabalho com a criança no esporte sejam considerados os seguintes Direitos do Jovem Desportista, de acordo com Rainer Martens, em sua obra de 1988:
- De participar em esportes;
- De participar em um nível de igualdade (habilidade e maturidade);
- De ter um adulto qualificado para treiná-la;
- De jogar como criança e não como adulto;
- De tomar parte nas decisões sobre a escolha e participando no esporte;
- De participar com segurança em ambientes sadios;
- De ter uma adequada preparação para jogar e competir;
- De ser tratada com dignidade;
- De ter alegria no esporte.
O esporte para a criança deve possibilitar a formação de um indivíduo saudável, mentalmente equilibrado e perfeitamente ajustado ao meio em que vive. A atividade física como parte da educação global deve proporcionar ao indivíduo a ocupação das horas de lazer, a formação física e moral e, ao mesmo tempo, favorecer a integração social e a realização pessoal.
Aliás, crianças precisam ser crianças. Precisam pular, dar muitas risadas e viver a infância com muita leveza antes de assumir tantas responsabilidades. A verdade é que elas não precisam de muito para serem felizes, precisam de mais presença e menos “presentes”. Neste Dia das Crianças, nosso desejo é que todas as crianças do mundo tenham o direito de ser “simplesmente” crianças, felizes e em paz no mundo.