Texto escrito por psic. Fabiane Kravutschke Bogdanovicz (CRP-08/19219) e Amiel Modesto (@ointersexo)
Intersexo é a pessoa cujo corpo não se enquadra nas definições de sexo feminino ou masculino, podendo abranger características físicas (externas ou internas), cromossômicas e/ou hormonais, em um conjunto amplo de possíveis variações.
A intersexualidade diz respeito ao CORPO da pessoa, sendo diferente de identidade de gênero (que se refere ao gênero com o qual a própria pessoa se identifica) e de orientação sexual (por quem a pessoa sente atração afetivo-sexual). Anteriormente, usava-se o termo hermafrodita, que não deve mais ser usado para se referir a humanos. O oposto de intersexo é endossexo ou perissexo.
Estima-se que até 2% da população mundial seja intersexo. Porém, como muitos casos têm características não visíveis, muitas pessoas sequer sabem que são intersexo, podendo o número, então, ser muito maior. Por isso, o Dia da Visibilidade Intersexo, 26 de outubro, é tão importante.
Uma quantidade muito grande de pessoas intersexo que nascem com genital considerado atípico passa por mutilações cirúrgicas e tratamentos hormonais após nascer, para que seus corpos consigam ser encaixados nas definições reducionistas de sexo e gênero. Essas intervenções nem sempre são feitas considerando a saúde da pessoa, mas sim uma expectativa arbitrária e reducionista de como os corpos humanos devem ser. Isso pode, inclusive, levar a problemas de saúde física e mental posteriormente.
Neste ano, a Conferência Nacional de Saúde aprovou o fim das cirurgias precoces nos corpos intersexo. A Psicologia, em seu compromisso ético com a defesa dos direitos humanos, deve se posicionar ao lado das pessoas intersexo no respeito à diversidade humana e pluralidade de corpos, de identidades e de amores, pela despatologização da intersexualidade.