Nesta segunda-feira, dia 18 de maio, a Luta Antimanicomial ganhou as ruas da cidade. Cidadãs e cidadãos que acreditam em uma sociedade mais justa e humana para os doentes mentais caminharam desde a Boca Maldita, no centro de Curitiba, até o Largo da Ordem, empunhando faixas e cartazes contra os hospitais psiquiátricos.
De acordo com organizadores do evento, cerca de 500 pessoas participaram do ato gritando, em coro, “abaixo o preconceito, saúde é meu direito!”.
O Sindypsi registrou um momento desta mobilização. Veja o vídeo aqui!
As raízes do movimento
Durante muito tempo, os hospitais psiquiátricos foram tidos como o melhor destino para pacientes com algum tipo de distúrbio mental. Mas, na década de 1970, alguns grupos começaram a questionar este modelo.
Os primeiros debates acontecem a partir da constituição, em 1976, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) e do movimento de Renovação Médica (REME). Ao longo desta década e da seguinte, diversos eventos foram organizados em vários estados brasileiros, levando ao maior alcance dos debates do Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM).
Em 1987, a sociedade também começa a participar mais efetivamente no movimento, É neste ano que se institui o dia 18 de maio como dia da Luta Antimanicomial e que as questões sobre os maus tratos que aconteciam dentro de manicômios passam a repercutir de forma diferente. O lema do movimento também surge neste momento: “Por uma sociedade sem manicômios”.
Dois anos depois, em 1989, o deputado Paulo Delgado apresentou o Projeto de Lei no 3.657/89 que, mais tarde, se tornou a Lei nº 10.216/01. A Lei estabelece que o tratamento psiquiátrico siga diretrizes para respeitar os direitos daquele que está sendo tratado. Além disso, sugere a extinção progressiva dos manicômios públicos e privados, e sua substituição pelos serviços extra-hospitalares – como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que já foram tema de uma reportagem da revista Contato.
O Movimento Antimanicomial pode ser definido, acima de tudo, como uma ação coletiva que luta por uma sociedade que veja a saúde mental com outros olhos e na qual os doentes recebam cuidados de forma digna e humana.