A quarta edição da “Roda de Conversa sobre Psicologia Escolar/Educacional” aconteceu no último sábado (16), em Curitiba, e promoveu o debate sobre o trabalho da(o) Psicóloga(o) neste contexto. Com a presença do Psicólogo cubano Guillermo Arias Beatón e da Psicóloga Solange Muglia Wechsler, o evento foi dividido entre palestras e oficinas, nas quais os participantes puderam contribuir com suas experiências pessoais e profissionais.
Da esquerda para a direita, a coordenadora da Comissão de Psicologia Escolar/Educacional, Andressa Sperancetta (CRP-08/08868), Guillermo Arias Beatón e Solange Wechsler
Beatón trouxe ao auditório alguns conceitos sobre o enfoque histórico-cultural, segundo o qual as condições socioculturais a que uma criança é submetida desde o nascimento interferem em seu desenvolvimento. Assim, os problemas de aprendizagem seriam causados por características internas, bem como pela qualidade da educação oferecida ao sujeito. “Primeiro, é preciso oferecer educação para todos, sem exceção. A partir disso, deve-se detectar desde muito cedo problemas que possam prejudicar o aprendizado, como a surdez, por exemplo, e intervir já nos primeiros anos para que esta criança possa ter o mesmo ensino que os demais”, explicou o Psicólogo de Cuba, país que tem um dos melhores sistemas educacionais da América Latina. No entanto, ele alerta que o processo não pode se apoiar apenas em testes psicológicos. “Há muitas vias para se conhecer a história da criança e entender suas dificuldades”, disse, lembrando ainda que as atividades de avaliação e diagnósticos devem fazer parte de todo o contexto escolar.
Guillermo Arias Beatón falou sobre o enfoque histórico-cultural e trouxe as experiências da educação em Cuba
Criatividade
A segunda palestra da manhã de sábado foi ministrada pela Psicóloga Solange Wechsler e tratou do tema “criatividade”. Com muita interação com a plateia, Solange mostrou que a criatividade é um importante pilar na educação. “Hoje, a fantasia está sendo morta”, disse ela. O modelo educacional que temos hoje prioriza um ensino do tipo convergente, ou seja, os conhecimentos são passados como fatos inquestionáveis. No entanto, o ideal seria que os educadores estimulassem o pensamento crítico e criativo dos alunos, em processo divergente, ou seja, que levasse a um raciocínio antes de que o conhecimento pronto fosse apresentado.
Solange abordou, ainda, as modalidades de intervenção que a(o) Psicóloga(o) pode adotar, como a mentoria e o desenvolvimento da criatividade. “Precisamos desfazer algumas confusões, como a de que criatividade só está ligada às artes e de que memória é sinônimo de talento”, opinou a Psicóloga. “Há diversos estilos de aprender e os educadores precisam reconhecer os diferentes talentos nas crianças”.
Solange Wechsler falou sobre a criatividade
Na parte da tarde, os participantes puderam trocar experiências nas oficinas