O Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) participou na última semana da 2ª Reunião de alinhamento sobre saúde mental de povos indígenas, uma iniciativa do Conselho Federal de Psicologia que busca fortalecer o diálogo entre diferentes instituições da sociedade civil e representantes governamentais sobre políticas públicas deste segmento. O encontro reuniu representantes de diversos Conselhos Regionais de Psicologia e também de instituições como o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena do Ministério dos Povos Indígenas), bem como Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O conselheiro do CRP-PR Paulo Karaí/Paulo Cesar de Oliveira (CRP-08/17066), um dos coordenadores do Núcleo de Psicologia e Povos Indígenas do CRP-PR, representou a instituição de forma presencial na reunião, que aconteceu em Brasília-DF no dia 19 de agosto. A alta incidência de suicídio entre povos indígenas, ele conta, foi o principal tema trazido durante as discussões. Neste sentido, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) apresentou o relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil”, com dados relativos ao ano de 2023, com informações bastante impactantes e relevantes para o debate.
Paulo Karaí também conta que levou, em nome do CRP-PR, a pauta dos indígenas Avá-Guarani do oeste do Paraná e o povo Kaiowá e Guarani no Estado do Mato Grosso do Sul, que vêm sofrendo inúmeras violências já denunciadas publicamente em Carta Aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Este é um tema muito urgente para nós e esta discussão trouxe a necessidade de encaminhamentos, entre os quais se destaca a organização de um seminário sobre saúde mental, com a participação das próprias lideranças indígenas para ouvir estas pessoas sobre o tema”, conta o profissional.
O conselheiro destaca a importância da participação do CRP-PR neste espaço, uma vez que contribui para a “construção de uma Psicologia pintada de jenipapo e urucum”, ou seja, atenta às subjetividades dos povos indígenas, a relação destes povos com seus territórios e cosmologias, considerando a diversidade dos 306 povos indígenas brasileiros. “A Psicologia precisa entender esta complexidade e ajudar a criar uma ponte entre a Psicologia eurocentrada e os modos de viver indígenas. A Psicologia que se faz nesses territórios precisa cruzar a fronteira e também influenciar a Psicologia brasileira, expandindo os saberes.”