Se você nasceu até o início dos anos 1990, provavelmente pediu para os seus pais comprarem uma enciclopédia Barsa, que continha “todos os conhecimentos do mundo”, segundo o imaginário infantil da época. Hoje em dia, esta aquisição é, em muitas famílias, desnecessária, já que qualquer resposta está a menos de 1 segundo de distância em sites de busca na internet. Mas, juntamente com tantos e tão diferentes conhecimentos disponíveis, utilizamos um recurso perigoso para a aprendizagem: o “ctrl c ctrl v”, ou copiar e colar.
Segundo o Psicólogo Nelson Fernandes Junior (CRP-08/07298), coordenador da Comissão de Psicologia Escolar e da Educação do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), ao fazer trabalhos com uma montagem de vários conteúdos o aluno não reflete sobre o conhecimento que está estudando. “Quanto mais significados e conteúdos elencamos ao investigarmos uma temática, possivelmente iremos empreender a construção do conhecimento de forma mais ampla e coesa. No entanto, muitos conhecimentos são obrigatórios para que, de posse deles, o profissional extrapole o senso comum e caminhe na cientificidade da formação. Mesmo que interpretados como menos significativos, eventualmente”, afirma o Psicólogo.
Então, a preocupação que chega às escolas nesta era ultratecnológica é da memorização mecânica em detrimento da compreensiva. “Existe um imediatismo para realizar as tarefas, o que não favorece a reflexão. A Psicologia Escolar, entre outras funções, deve propiciar a tomada de consciência de que este problema está acontecendo”, explica. Algumas ações que podem auxiliar são reuniões e treinamentos com pais e professores, além de dinâmicas com os alunos que os auxiliem a ter mais atenção. “É preciso parar um tempo em sala de aula para pensar sobre estas questões, ou então o processo de ensino e aprendizagem corre risco de não ser efetivo”, diz.
Formação da(o) Psicóloga(o): da abordagem à reflexão
Você estuda todos os autores importantes da Psicologia e já sabe de cor as teorias de cada abordagem. Mas, na hora de atender o paciente ou realizar outra tarefa prática, é preciso refletir sobre estes conhecimentos. “Cada indivíduo é único. É preciso utilizar todo o arcabouço teórico da Psicologia para formular um projeto terapêutico individual, e isso só é possível com capacidade de reflexão”, analisa Nelson, que também é professor em um curso de Psicologia.
Se não há como lecionar sem considerar o uso das tecnologias – que, afinal, possuem um lado positivo – uma estratégia que pode ser adotada pelos docentes é pedir para que os alunos utilizem vários textos e construam uma reflexão própria baseada neles. “Precisamos formar Psicólogas e Psicólogos capazes de contribuir com a sociedade de maneira única, a partir de todo um histórico de teorias, construindo novos conhecimentos e colaborando para o fortalecimento de uma Psicologia contemporânea, que auxilia a sociedade em suas demandas atuais.”