Nos dias 20 e 21 de maio, profissionais da Psicologia e da Assistência Social, além de estudantes, reuniram-se em Curitiba para a II Mostra SUAS (Sistema Único de Assistência Social), evento de âmbito nacional realizado nas cinco regiões do Brasil ao longo do primeiro semestre de 2022. O objetivo do evento foi proporcionar um espaço de aprimoramento técnico e troca de experiências sobre a atuação em equipamentos como os CRES e os CREAS (Centros de Referência e Referência Especializada em Assistência Social).
Muitas falas refletiram o atual cenário de desmonte e cortes orçamentários das políticas públicas no Brasil, que afeta diretamente os equipamentos, as equipes profissionais e as(os) usuárias(os). Assédios por parte de gestoras(es) ou outros órgãos da administração pública – como o Sistema de Justiça – e o adoecimento por sobrecarga de trabalho foram queixas recorrentes. “A atuação do SUAS não é descolada da Psicologia. A gente lida com o sofrimento diuturnamente”, lembrou Simone Cristina Gomes (CRP-08/14224), representante do CRP-PR no Fórum Estadual de Trabalhadores do FETSUAS do Paraná (FETSUAS) e da Região Sul na CONPAS (Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social).
Em mesas-redondas e nas apresentações de trabalho, profissionais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná puderam contar sobre os principais desafios de cada equipamento e município, alguns casos mais emblemáticos que ensinam valiosas lições e as conquistas diárias da equipe e das(os) usuárias(os). As palavras que mais sobressaíram foram “resistência” e “coletividade”.
Na plateia, Psicólogas(os) e Assistentes Sociais puderam também trazer dúvidas, angústias e as boas práticas de cada equipamento. As trocas abordaram temas como a não priorização de profissionais do SUAS na vacinação contra a Covid-19 e a forma como os equipamentos são compreendidos pela sociedade – como caridade, e não uma justa garantia de direitos. Histórias de diferentes municípios, de pequeno, médio ou grande porte, mostravam as discrepâncias das condições encontradas por cada profissional.
Já no primeiro dia, algumas falas muito emocionadas trouxeram à tona também o tema da invisibilidade: de usuárias(os), de sofrimentos e da própria política de assistência social. Ao longo do sábado, alguns destaques ficaram por conta da mesa sobre as emergências e desastres no âmbito do SUAS – política bastante requisitada nestas situações, as quais escancaram desigualdades sociais – e sobre a relação do SUAS com o Sistema de Justiça.
A percepção de quem participou do evento foi a de os dois dias de encontro contribuíram para o fortalecimento da atuação. “Devido a todos os desafios na Assistência Social, com as reconfigurações, desmantelamentos, desfinanciamentos, a atuação nesta área tem sido difícil. Estar em espaços coletivos nos quais a gente se identifique com colegas que vivem situações semelhantes, que passam pelas mesmas dificuldades, é um momento de se revigorar, de rememorar a importância dessa luta e da persistência desse movimento”, contou Tiago Henrique Dolphine Alves (CRP-08/15417), membro da Comissão de Psicologia na Assistência Social de Maringá. “Então foi um momento para recarregar as baterias para retornar aos nossos trabalhos e melhorar ainda mais a nossa atuação, mesmo frente a todos os desafios postos.”