O mês seguinte ao que traz a primavera é marcado pela cor rosa e pela sua importância em conscientizar sobre a prevenção do câncer de mama, doença que acomete milhares de mulheres em todo o mundo. O Outubro Rosa tem por objetivo fazer com que o assunto “câncer de mama” se torne mais familiar entre as mulheres e também os homens, destacando a importância do diagnóstico precoce, que torna o tratamento mais fácil do que ao ser descoberto já está em estágios avançados.
Associação Amigas da Mama
Todos os dias muitas mulheres recebem o difícil diagnóstico do câncer de mama. Entre tantas histórias e lutas, em Curitiba, duas mulheres decidiram fazer da dor uma oportunidade de passar por essa fase de uma forma diferente. Em uma conversa informal, durante as sessões de radioterapia, nasceu a Associação das Amigas da Mama (AAMA), por meio da atual presidente Gladys Haruch e da Psicóloga Vera Miranda (CRP-08/01386). Fundada em 2001, é uma entidade de assistência de social sem fins lucrativos, que possui como missão apoiar, dar suporte às pacientes com câncer de mama, garantir seus direitos e mobilizar a comunidade para detecção precoce através do rastreamento por imagem.
A associação busca oferecer para as mulheres com câncer um ambiente de fortalecimento no enfrentamento à doença. Com atendimento diário, dispõe de serviços gratuitos de apoio que vão desde empréstimo de perucas à doação de prótese mamária externa lavável. Também são oferecidos serviços de acolhimento com apoio psicológico individual ou em grupo, oficina de lenços, reiki, yoga, grupo de convivências e de troca de experiências com chá diário, entre outros.
As mulheres podem contam com apoio psicológico, aulas de yoga e empréstimo de lenços e perucas, além de poderem dividir experiências com quem está passando pelo mesmo processo
Todos os serviços são oferecidos voluntariamente, inclusive o acompanhamento de Psicólogas(os) com as mulheres neste processo. Diariamente, diversas mulheres vão até a associação para se cadastrar. A maioria está passando pelo tratamento do câncer de mama, mas há quem vá até lá buscar ajuda para lidar com familiares que estão com a doença e até mesmo outras que já superaram, desejando trabalhar como voluntárias.
A balconista Marilene Rodrigues descobriu a doença em junho deste ano e por meio de amigas acabou sabendo da Amigas da Mama. Foi até lá e recentemente decidiu integrar-se ao time de mulheres que estão juntas na luta. “Tenho certeza de que participar das atividades que a Amigas da Mama oferece irá me ajudar no enfrentamento à doença. Minhas expectativas são as melhores possíveis”, conta.
Associação das Amigas da Mama ajuda mulheres a superar a doença com otimismo e autoestima
Relato de experiência de uma Psicóloga: lidando com o câncer de mama na vida pessoal e profissional
“Psicólogo não tem câncer de mama, Psicólogo não tem problema emocional. Quem será que inventou essa coisa que não é real? Todo mundo pode ter dificuldades emocionais e todas as mulheres podem ter câncer de mama”. É assim que a Psicóloga Vera Miranda inicia o seu relato como profissional e também como paciente, após ter enfrentado o câncer de mama em 2000.
A Psicóloga descobriu o câncer quando ele já estava em seu terceiro estágio. Durante a quimioterapia perdeu os cabelos e também precisou retirar a mama. Ela conta que durante todo o tratamento não deixou de atender e, por este motivo, optou por usar peruca porque entendeu que era importante tocar a vida sem gerar no paciente a piedade e a dúvida sobre o seu futuro.
Uma de suas principais dúvidas neste período, como profissional, foi se deveria contar ou não sobre sua doença aos pacientes. Optou por não contar. 98% dos seus pacientes não souberam, exceto dois que acabaram descobrindo enquanto fazia o tratamento. “Essa experiência me faz sempre dizer aos meus alunos, quando dou aula, que o terapeuta pode ter sua história e compartilhá-la, mas quando isso tem sentido”, conta.
Todo o cuidado sobre não permitir que os pacientes soubessem do câncer de mama e a preocupação com a reação deles não se aplicou a um dos dois pacientes que acabou descobrindo a doença. Ao invés de pena, a reação foi uma frase de incentivo: “Mais isso você tem para colocar em seu currículo!” Vera conta que a frase foi tão impactante e importante naquele momento que foi citada em seu livro, “Dilemas e desafios de um guerreiro”, que conta suas experiências durante essa fase de sua vida.
A Psicóloga Vera Miranda teve câncer de mama e contou sua experiência de vida no livro “Dilemas e desafios de um guerreiro”
Para a Psicóloga, o profissional de Psicologia tem um papel muito importante como facilitador em um momento de dificuldade para transmitir confiança, estimular para que ela possa falar de seus sentimentos em um contexto protegido. “O contexto protegido é esse, buscando o Psicólogo em um consultório para um tratamento psicoterápico ou optando pelas Psicólogas voluntárias na Amigas da Mama”, sugere.
Dentro de tantas dificuldades na época, Vera enfatiza o quanto a forma de enxergar a doença, sendo positiva e otimista, ajuda no período do tratamento e na recuperação. Ela finaliza dando uma lição de superação: “O que importa, na verdade, é que as cicatrizes de alguma forma retratam a nossa história. Mesmo com marcas, eu sobrevivi, superei minhas dificuldades e esteticamente não sou mais como já fui. Acho que diante de tudo isso acabei revendo o que é, de fato, o conceito de beleza.”
Dados e estatísticas sobre o câncer de mama
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer que mais atinge mulheres em todo o mundo, representando 25% do total de casos de câncer no mundo em 2012.
É também a quinta causa de morte por câncer em geral, com 520 mil óbitos, sendo o mais incidente entre as mulheres. Neste ano, os maiores percentuais na mortalidade proporcional por câncer de mama foram os do Sudeste (16,9%) e Centro-Oeste (16,6%), seguidos pelos Sul (15,3%) e Nordeste (14,9%). Foram estimados, somente para o ano de 2016, 57.960 mil novos casos.