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Amigos prestam homenagem póstuma à Psicóloga Maria Eliza Giusti

A Psicóloga Maria Eliza Giusti, que faleceu no dia 15 de janeiro aos 60 anos, recebeu homenagens de colegas de profissão. Maria Eliza teve grande atuação na Psicologia. Doutora pela Universidade de São Paulo, dedicou-se à vida universitária como professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e também aos consultórios, como psicanalista. Ainda nos anos 1980, teve uma passagem de seis anos como presidente do Sindicato dos Psicólogos do Paraná. Publicamos abaixo duas mensagens: uma escrita por sua grande amiga, a também Psicóloga Rachel Jurkiewicz, e outra pelo Psicólogo Bruno Jardini Mäder.


À colega e grande amiga Maria Eliza,

            A vida passa, nesta passagem nos deparamos com pessoas e vamos construindo encontros, desavenças, troca de afetos, conflitos, laços de amizade, laços de trabalho.

            Os mais de trinta anos de convivência com você foram intensos, marcados por momentos de alegrias, trabalho, tristeza, viagens, projetos, jantares, conversas, alguns conflitos, passeios.

            Nos conhecemos nos anos 80 integrando uma chapa do Sindicato dos Psicólogos no Estado do Paraná, você encabeçava, era a presidente, e, como tudo que queria fazer na vida, era pra valer! Sem titubear nas suas decisões.

            Como aglutinar em torno de uma causa psicólogos espalhados pelo estado? Como fortalecer a profissão no contexto da luta pelas políticas públicas, de instituições governamentais e movimentos populares? Psicólogos começavam a ser contratados pela então Fundação de Saúde Caetano Munhoz da Rocha. Qual a participação dos psicólogos na criação de um SUS digno para todos? O que dizer da emergência do trabalho clínico dos psicólogos nos serviços de saúde, nas escolas, nas empresas? Questões que nos preocupavam, que compartilhávamos entre nós no Sindicato e com a categoria, o que nos uniu e deu origem a um companheirismo que se tornou uma grande amizade. Questões estas na minha opinião ainda atuais e que devem ser permanentes.

            Para você, isto tudo, já ficou como passado, abraçando a formação e o trabalho com psicanálise já a alguns anos, mas creio que deva ser lembrado e documentado, pela seriedade e competência com que desempenhou esta função de presidente do Sindicato durante seis anos.

            E quando fomos para a rua com a população e demais instituições pedir “diretas já”? Foi impossível para nós duas carregarmos aquele banner imenso escrito “Sindicato dos Psicólogos no Paraná”. Lembro da chegada do Edson Mercure e do Pitela  e lá fomos os quatro carregando aquela faixa.

            E na Universidade? Colegas nossos hoje, que foram seus alunos, lembram da sua imagem no primeiro dia de aula. Acredito e te parabenizo pelo seu esforço e dedicação cotidiana para transmitir a psicanálise na universidade junto com outros nossos colegas. Também esta tarefa você desempenhou com brilho, destacando a seriedade e a dignidade do legado psicanalítico deixado por Freud e Lacan.

Quantas conversas sobre trabalho, psicanálise, a Escola, a vida, que tivemos em encontros sociais com outras amigas. As últimas foram nos dias 10 e 18 de dezembro. Que delícia estes encontros onde rolavam na informalidade ideias e pensamentos na tentativa de troca e melhor elaborar nossas impressões e vivências.  Ah parceira! Que falta você já está fazendo.

Só me resta dizer que com esta profunda tristeza da perda que ainda me acompanha, sinto saudades de muitos bons momentos, orgulho de poder ter estado bem próxima de você nesta jornada, e, me sinto muito grata pela sua amizade e coleguismo.

Nesta hora de estado de luto é o pouco que posso fazer para reanimar sua presença entre nós. Estas e outras tantas lembranças desta convivência estão e ficarão vivas comigo e tenho a certeza com cada um de seus colegas, amigos e familiares.

Adeus! Maria Eliza Giusti. Como disse o poeta: “… minha amiga de fé, minha irmã, camarada”.

Curitiba, 17/01/16

Rachel Jurkiewicz


A Maria Elisa tinha uma personalidade forte, era bem marcante. Ela tinha uma relação de compromisso com o ensino, procurava passar o rigor do estudo e da formalidade acadêmica. Interessante é que ela utilizava isso não como fim, mas como meio para o desenvolvimento do aluno, da sua forma própria de construir-se psicólogo.

Psicanalista, Maria Elisa se contrapôs às mudanças acadêmicas no início dos anos 2000. De maneira generosa discutiu com os discentes sua forma de compreender.

Pessoalmente, após a formatura tivemos uma relação de trocas e coleguismo profissional. Deixará saudades.

Bruno Jardini Mäder

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