O Dia Internacional da Mulher, 08/03, resgata a histórica luta das mulheres em busca de igualdade de gênero, equiparação e não violação de direitos. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, é verdade, mas por que não falar das conquistas já alcançadas? Na data de hoje, o CRP-PR traz como exemplo o segmento esportivo, que conta com mulheres no topo do pódio com frequência cada vez maior.
Em 2022, os jogos olímpicos mundiais foram marcados por várias mulheres que desbancaram um pensamento machista herdado socialmente da Grécia Antiga, segundo o qual elas não tinham aptidão ou condicionamento físico para a prática esportiva. Naquela época, a exclusão era uma condição normalizada: as mulheres não podiam sequer participar da plateia. Hoje, elas não só torcem durante os jogos, sejam olímpicos ou não, como orientam, participam e vencem.
A atleta Edinéia Roniak dos Santos, praticante de corrida de orientação, modalidade que usa a própria natureza como campo de jogo com o auxílio de mapa e bússola, é uma das mulheres que, mesmo no século XXI, desafia pensamentos sexistas e conhece o sabor da conquista pelo esporte. Ela conta como a atividade mudou sua vida: casada e mãe de dois filhos, Edinéia dividia o seu tempo entre a rotina do lar e o auxílio que prestava ao esposo na empresa da família. “Eu não tinha tempo nem para uma caminhada”, relembra.
A mudança veio em 2013 por incentivo do irmão, e ela logo percebeu as mudanças que a corrida trouxe à sua vida. “O esporte me faz pensar, refletir, melhora minha saúde e minha autoestima”, conta a corredora, que após um ano do seu primeiro passo, profissionalizou-se. Campeã paranaense de orientação em todos os anos de 2015 a 2019, Edinéia conquistou mais um título em 2020, quando foi campeã na IV Copa Sul de Orientação. Ela representou o Brasil internacionalmente, quando participou da Copa do Mundo de Orientação, na República Tcheca, em 2018; e em 2019, no Campeonato Mundial de Orientação, na Noruega, dentre outros eventos. Adicionalmente, a atleta coleciona várias vitórias em corridas de rua.
Apesar disso, Edinéia lamenta que mulheres enfrentem dificuldades quando ingressam num ambiente errônea e frequentemente associado apenas aos homens. Mas ela não desanima. “Às vezes não somos ouvidas ou valorizadas como deveríamos, mas essa é uma questão social e histórica que estamos mudando”, ela reflete, revelando que influenciou amigas que hoje também estão na corrida de orientação e até em programas de alto rendimento.
A corredora acredita que o incentivo de uma mulher exerce um poder benéfico sobre as outras e, por isso, ela fala sobre a importância de reuni-las também pela via esportiva, em grupos de encontro e pelo uso de redes sociais. Para aquelas que gostariam de iniciar uma atividade nova, mas ainda hesitam, Edinéia oferece a sua dose de incentivo: “experimente, dê o primeiro passo. Você consegue chegar a lugares que nem imagina”.