Notícia

Hospital de Clínicas do Paraná fará cirurgias do processo transexualizador

Reunião para entregar recomendação à Secretaria da Saúde do Paraná para que cirurgias do processo transexualizador aconteçam no Hospital de Clínicas, em Curitiba

 

Em reunião realizada na manhã desta segunda-feira (23), a Defensoria Pública do Estado do Paraná, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), a OAB-PR, a ONG Transgrupo Marcela Prado e o Núcleo de Direitos Humanos e Vulnerabilidades da UFPR entregaram ao Secretário da Saúde do Estado, Michele Caputo Neto, um documento em que recomenda que o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-PR) passe a oferecer cirurgias para o processo transexualizador – tanto as de redesignação sexual como as secundárias, como retirada de mamas, por exemplo.

A Defensora Pública Camile Vieira da Costa explicou que, diante de diversos pedidos à Defensoria, percebeu-se a necessidade de implementar este serviço no Paraná. “Os hospitais precisam estar preparados para que não precisemos judicializar estas questões. Hoje entregamos formalmente este pedido para que as Políticas Públicas voltadas a esta população sejam concretizadas”, declarou. Ela conta, ainda, que o trabalho de redação do documento já vem sendo realizado desde o início deste ano e teve parceiros importantes, como o CRP-PR e até mesmo a UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS), que demonstrou apoio em contatos anteriores.

Após as falas de entidades e profissionais, como o próprio CRP-PR, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), a OAB-PR, o Transgrupo Marcela Prado, médicos representantes do HC-PR e pessoas trans que puderam dar seus depoimentos, o Secretário da Saúde demonstrou apoio à questão e declarou que o Hospital de Clínicas passará a realizar os procedimentos ainda este ano. Antes do credenciamento junto ao Ministério da Saúde, que deve demorar alguns meses, as cirurgias que já estiverem ao alcance da equipe serão autorizadas via pagamento administrativo.

Para a coordenadora do Núcleo de Diversidade de Gênero e Sexualidades do CRP-PR, Psicóloga Grazielle Tagliamento (CRP-08/17992), a conquista trará muitos ganhos para a população transexual, que sofre pela não realização dos procedimentos. “As cirurgias secundárias têm um impacto muito grande na saúde mental e integral das pessoas, e por isso esta é uma luta nossa há muitos anos. Somente no CPATT [Centro de Pesquisa e Atendimento para Travestis e Transexuais] há cerca de 200 pessoas que poderão se beneficiar desta conquista”, comemora.

As dificuldades que pessoas transexuais e travestis enfrentam na busca pelo corpo condizente com suas identidades de gênero foram trazidas por homens e mulheres trans que ainda aguardam os procedimentos – muitas vezes negados pelos planos de saúde – ou que precisaram viajar a outros Estados para realizá-los (atualmente somente as cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Uberlândia, Recife e Goiânia possuem centros de atendimento credenciados).

 

“As cirurgias secundárias têm um impacto muito grande na saúde mental e integral das pessoas, e por isso esta é uma luta nossa há muitos anos. Somente no CPATT [Centro de Pesquisa e Atendimento para Travestis e Transexuais] há cerca de 200 pessoas que poderão se beneficiar desta conquista”, comemora a coordenadora do Núcleo de Diversidade de Gênero e Sexualidades do CRP-PR, Psicóloga Grazielle Tagliamento (CRP-08/17992).
Equipe capacitada

O médico ginecologista e obstetra Rosires Pereira de Andrade, Gerente de Ensino e Pesquisa do Complexo do Hospital de Clínicas, afirma que a equipe necessária para a realização das cirurgias – Psicólogas(os), psiquiatras, urologistas, ginecologistas, entre outros – já está disponível no hospital, e que a instalação de um centro de atendimento a pessoas travestis e transexuais é importante. “Temos uma dívida antiga com esta população. Não conseguimos estabelecer este atendimento antes porque é muito difícil, até mesmo por ignorância de algumas pessoas”, avaliou.

A equipe deverá passar por uma série de cursos de capacitação, uma vez que a cirurgia de redesignação sexual é bastante complexa e demanda conhecimentos específicos. “O médico está acostumado a tirar um órgão doente, com tumor, mas, neste caso, não há doença no corpo e o órgão está funcionando bem. Então, ele precisa entender que há um sofrimento emocional do paciente e daí vem a sua urgência”, refletiu Luiz Ernesto Pujol, secretário-geral do CRM-PR.

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